O neurologista Dr. Tarsis Farias participou do programa Cidade em Pauta para abordar um tema que afeta milhões de brasileiros: as dores de cabeça crônicas, também chamadas de cefaleias, e o uso da toxina botulínica, conhecida popularmente como botox, como alternativa terapêutica.

“Dor de cabeça é uma das queixas mais frequentes nos consultórios de neurologia. Alguns pacientes chegam com quadros tão graves que relatam dor diária há anos. Para esses casos, a toxina botulínica pode ser uma excelente opção de tratamento”, afirmou o médico.

Segundo Dr. Tarsis, a maioria das pessoas apresenta dor de cabeça esporadicamente, mas em alguns casos a dor se torna crônica, ocorrendo mais de 15 dias por mês, por períodos prolongados.

“Esses pacientes já tentaram diversos medicamentos, abusam de analgésicos e ainda assim continuam com dor todos os dias. Nesses casos, a toxina botulínica entra como tratamento de escolha”, explicou.

Entre os tipos mais comuns de cefaleia estão a enxaqueca crônica, mais frequente entre mulheres, associada a fatores hormonais e que causa intolerância à luz e ao barulho, e a cefaleia tensional, caracterizada por sensação de aperto ou peso na cabeça.

A toxina é aplicada diretamente nos músculos da cabeça e pescoço, seguindo um protocolo padronizado conhecido como “Protocolo PREEMPT”.

“São quatro aplicações com intervalo de três meses ao longo de um ano. Os efeitos começam a ser percebidos entre cinco a sete dias após a primeira aplicação. Em muitos casos, a frequência das crises diminui drasticamente ou até desaparece”, explicou o neurologista.

Dr. Tarsis também destacou que a toxina botulínica apresenta eficácia superior a muitos medicamentos de uso contínuo.

“Os tratamentos profiláticos orais têm eficácia de 40% a 50%. Já a toxina apresenta resposta positiva em cerca de 70% dos casos. E como age localmente, tem menos impacto no organismo como um todo”, comparou.

Questionado sobre possíveis riscos, o médico tranquilizou os pacienntes:

“A toxina botulínica é segura, amplamente estudada e com pouquíssimos efeitos colaterais. O que pode ocorrer é dor leve ou vermelhidão no local da aplicação. Em raríssimos casos, reações alérgicas ou pequenos sangramentos, mas nada de gravidade.”

De acordo com o especialista, o perfil ideal para esse tipo de tratamento inclui pacientes com dor de cabeça crônica, que já tentaram diversos remédios, usam analgésicos com frequência e têm a qualidade de vida comprometida.

“Tem gente que deixa de trabalhar, não consegue participar de momentos em família, vive limitada pela dor. A toxina botulínica pode ser um divisor de águas”, destacou.

Dr. Tarsis também comentou sobre os gatilhos que podem piorar ou causar crises de dor de cabeça, como cigarro, bebidas alcoólicas, estresse e alimentação inadequada.

“Não existe uma dieta única para dor de cabeça, mas muitos pacientes relatam piora com alimentos gordurosos, embutidos, comidas orientais e até frutas como melancia. É importante observar e evitar os gatilhos individuais.”

Além disso, reforçou o papel da atividade física:

“Exercício físico regular e alimentação saudável têm impacto direto na redução da frequência e da intensidade das dores. Isso é fato comprovado.”

A toxina não substitui imediatamente os tratamentos convencionais, mas pode permitir a redução ou até suspensão dos medicamentos ao longo do tempo.

“A gente começa usando junto com o que o paciente já toma. Com a melhora, podemos reduzir gradualmente os medicamentos. Em alguns casos, o paciente fica livre deles. Em outros, continua com ambos os tratamentos”, explicou.

Para concluir, Dr. Tarsis deixou uma mensagem aos profissionais de saúde que atendem pacientes com dor crônica:

“A dor de cabeça muitas vezes é negligenciada, mas pode ser extremamente incapacitante. Se o paciente não responde aos tratamentos habituais, considere encaminhá-lo a um especialista. A toxina botulínica pode transformar a vida dessas pessoas.”

O neurologista atende em Feira de Santana e compartilha informações em seu perfil no Instagram @drtarsisfarias.