Saúde

Tireoide: saiba como identificar alterações no funcionamento da glândula

Maioria das doenças tireoidianas não é prevenível, sendo mais comuns em mulheres

27/05/2025 11h15
Tireoide: saiba como identificar alterações no funcionamento da glândula

Os hormônios produzidos pela tireoide, pequena glândula localizada no pescoço, influenciam diretamente no metabolismo, saúde cardiovascular, cognição e bem-estar emocional. Apesar disso, cerca de 5 a 10% da população mundial – principalmente mulheres acima de 40 anos, público que apresenta cinco a oito vezes mais chances de desenvolver condições na região – não sabe que é afetada por algum tipo de doença tireoidiana, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Existem várias enfermidades associadas, porém as mais comuns são o hipertireoidismo e o hipotireoidismo. Silvia Angeleri (CRM-BA 16055 / RQE-BA 5737), endocrinologista e metabologista explica que o primeiro caso ocorre quando a glândula produz hormônio em excesso. Sua principal causa é a chamada Doença de Graves, caracterizada pela produção de anticorpos que atacam os receptores de TSH (hormônio estimulante da tireoide), levando ao aumento dos níveis de T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).

No segundo, por outro lado, acontece o inverso: “a tireoide funciona mais lentamente, fazendo com que a pessoa tenha sonolência, cansaço, fadiga, unhas quebradiças, pele seca, constipação intestinal, raciocínio lento e memória de fixação prejudicada. O hipotireoidismo geralmente é provocado pela Tireoidite de Hashimoto, outro quadro autoimune”, afirma.

A especialista ainda ressalta mais duas doenças atreladas, os nódulos tireoideanos benignos e o câncer de tireoide. “Quando há nódulos na tireoide pode haver ou não bócio (aumento da glândula)”, diz a médica.

Cuidados rotineiros
Disfunções na tireoide podem atingir pessoas de qualquer idade. No entanto, de acordo com a endocrinologista, não há formas de prevenção contra as patologias relacionadas. Por isso, além do acompanhamento médico regular, é necessário manter certos cuidados na alimentação, controlar o estresse e ficar atento aos medicamentos capazes de interferir na absorção ou metabolismo dos hormônios tireoidianos.

“Em termos de nutrição, as substâncias mais importantes para o funcionamento adequado são o iodo e o selênio. Contudo, o recomendado é adotar uma dieta equilibrada, com moderação no consumo de sal iodado. Castanhas, leguminosas, carnes e peixes, a exemplo de atum e salmão, são fontes de selênio”, destaca. Lembrando que esses nutrientes devem ser consumidos em quantidades ideais, tanto o excesso quanto a carência deles pode acarretar prejuízos à saúde.

Como a glândula é crucial para diversas funções do organismo, também deve-se fazer exames de rotina. Silvia Angeleri pontua que o monitoramento começa por testes clínicos e laboratoriais, o que inclui dosagens dos hormônios TSH, T4 livre e dos anticorpos contra a tireoide. “O médico ainda pode solicitar a realização de ultrassonografia, se houver suspeita de nódulos”, completa.

Meios de tratamento
De modo geral, os tratamentos envolvem medicamentos que contêm ou reduzem a quantidade de hormônios produzidos. A depender do diagnóstico, segundo a especialista, ainda há as possibilidades de terapia complementar com iodo radioativo, remoção cirúrgica da tireoide e, em casos de nódulos benignos grandes, procedimentos minimamente invasivos como a alcoolização e a ablação por radiofrequência.

“Os nódulos tireoideanos são classificados de acordo com características à ultrassonografia em nódulos de menor ou maior risco de malignidade. A partir dessa classificação, decidimos quais nódulos devem ser submetidos à PAAF (punção aspirativa por agulha fina). A decisão por cirurgia vai depender do resultado da citologia do material puncionado. O endocrinologista e o cirurgião de cabeça e pescoço irão avaliar a melhor opção de cirurgia – lobectomia ou tireoidectomia total – e decidir em conjunto com o paciente.

Outra indicação para cirurgia são os casos de bócio com compressão das estruturas adjacentes, tais como traqueia e esôfago e os bócios “mergulhantes”, em que uma parte da tireoide adentra o mediastino”, conclui Silvia Angeleri.

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