Síndrome da bexiga dolorosa: Especialista alerta sobre os riscos da doença
Com uma predominância entre as mulheres, a cada cem casos diagnosticados, noventa são delas, enquanto apenas 10% acometem os homens. Dr. João esclareceu que a doença acomete mais as mulheres porque o trato urinário feminino é menos protegido.
No que diz respeito ao sistema urinário humano, a bexiga desempenha um papel vital como um reservatório para a urina produzida pelos rins. No entanto, quando essa parte crucial do corpo é afetada por uma condição debilitante, como a síndrome de bexiga dolorosa, o simples ato de esvaziar a bexiga pode se tornar uma provação dolorosa e crônica.
Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, o Dr. João Batista de Cerqueira, médico urologista, explicou como essa condição inflamatória crônica lança uma sombra sobre a qualidade de vida de milhões de pessoas em todo o mundo.
“A síndrome de bexiga dolorosa é um processo inflamatório crônico que acomete a bexiga, um órgão órgão de reserva do sistema urinário. Os rins produzem urina, que passa pelos uretérios até a bexiga, que funciona como um reservatório. Quando a bexiga atinge sua capacidade máxima, ocorre o processo de esvaziamento através da uretra. Assim, a síndrome de bexiga dolorosa é uma condição que impacta diretamente a bexiga, causando desconforto e dor crônicos, que anteriormente era chamada de cistite intersticial.”
Com uma predominância entre as mulheres, a cada cem casos diagnosticados, noventa são delas, enquanto apenas 10% acometem os homens. Dr. João esclareceu que a doença acomete mais as mulheres porque o trato urinário feminino é menos protegido.
“Ela é mais frequente em mulheres e um fato interessante é que mesmo nas mulheres cerca de 94% delas são de origem europeia. Essa disparidade entre os casos em homens e mulheres está diretamente ligada à proteção do trato urinário masculino em comparação ao feminino, enquanto o trato urinário masculino desfruta de uma maior proteção, o feminino é notavelmente menos protegido. Isso se deve em parte à anatomia da uretra feminina, que possui aproximadamente quatro centímetros de comprimento e passa acima da parede vaginal superior. Essa característica, combinada com a curta extensão da uretra, facilita a entrada de micro-organismos na bexiga, desencadeando quadros infecciosos.”
Na busca pelo diagnóstico da síndrome de bexiga dolorosa os médicos enfrentam um desafio, pois o processo é basicamente por exclusão.
“A síndrome de bexiga dolorosa é difícil de diagnosticar, pois sua confirmação é essencialmente um processo de exclusão. Para estabelecer esse diagnóstico, é necessário descartar outras condições que possam estar causando os sintomas semelhantes aos da bexiga dolorosa e isso inclui investigar a presença de infecção na bexiga, cistite, cálculos urinários, neoplasias ou câncer na bexiga. Portanto, o diagnóstico da síndrome de bexiga dolorosa é alcançado quando todas essas outras possibilidades são descartadas, o que torna o processo complexo e demorado.”
O tratamento para a síndrome d a bexiga dolorosa assume um papel crucial, oferecendo alívio e gerenciamento dos sintomas que afligem os pacientes. Segundo o Dr. João Batista, enquanto as abordagens iniciais se concentram em orientações simples, como a frequência de esvaziamento da bexiga, a transição para a fase crônica abre caminho para uma gama mais ampla de opções terapêuticas.
“Existe um tratamento para a síndrome de bexiga dolorosa, que pode ser considerado sintomático e voltado para a orientação do paciente quanto à frequência de esvaziamento da bexiga. Quando a condição entra em sua fase crônica, abrem-se outras opções terapêuticas, como fisioterapia e medicações que têm o objetivo de exercer uma ação analgésica na parede interna da bexiga, aliviando os sintomas. Portanto, a escolha do tratamento adequado dependerá da fase da síndrome e das necessidades específicas de cada paciente.” Esclarece.