Oftalmologista explica como prevenir e tratar o glaucoma, principal causa de cegueira irreversível
O glaucoma pode atingir até 20% da população sem que ela saiba.
Durante participação no programa De Olho na Cidade, o oftalmologista Dr. Rafael Leite, da Clinos Hospital de Olhos, esclareceu dúvidas sobre o glaucoma, doença que representa a principal causa de cegueira irreversível no mundo.
Dr. Rafael explicou o que é o glaucoma: “É uma doença do nervo óptico. Existem vários tipos, mas, na maioria dos casos, a pressão no olho se eleva e vai destruindo o nervo da visão, lá no fundo do olho. Isso pode levar à cegueira”, destacou.
Questionado sobre as possibilidades de tratamento, o especialista ressaltou que os colírios ainda são a forma mais comum, mas que a medicina evoluiu.
“Hoje temos tratamentos com laser, cirurgias minimamente invasivas e até implantes. A variedade é grande e muito eficaz”, explicou.
Ele também abordou os desafios das novas terapias.
“O maior obstáculo é conseguir manter a pressão intraocular controlada. As cirurgias são bem resolutivas, mas exigem habilidade e personalização conforme o estágio da doença.”
Uma ouvinte, Edna Silva Moreira, relatou escurecimento ao redor dos olhos após uso de colírios para glaucoma. Dr. Rafael explicou: “Alguns colírios podem escurecer as pálpebras, alongar os cílios, causar perda de gordura ao redor dos olhos e vermelhidão. Por isso, o tratamento com laser SLT tem sido uma alternativa eficaz para estágios iniciais.”
Segundo o médico, o exame mais importante para detectar o glaucoma é o campo visual.
“É uma doença sorrateira, que começa com perda da visão periférica. O campo visual é feito pelo SUS e é essencial para o diagnóstico”, reforçou.
Dr. Rafael alertou que o glaucoma pode atingir até 20% da população sem que ela saiba.
“Dois em cada dez podem ter glaucoma e não sabem, especialmente aqui na Bahia, onde temos alta incidência por conta da ancestralidade afrodescendente”, afirmou.
O médico explicou que o glaucoma é mais comum após os 60 anos, mas pode ocorrer em qualquer idade, inclusive em bebês, no chamado glaucoma congênito.
“A cegueira causada por glaucoma é irreversível. O tratamento freia a progressão, mas não recupera a visão já perdida.”
A ouvinte Luiza Mendes perguntou sobre os cuidados diários. Dr. Rafael respondeu: “Consulta regular, uso correto do tratamento, atividade física aeróbica, alimentação equilibrada e saúde mental ajudam muito. O controle da pressão ocular depende também do estilo de vida.”
Marcos Campos, da Mangabeira, quis saber sobre o risco hereditário: “Quem tem parentes de primeiro grau com glaucoma tem mais chances de desenvolver a doença. Além disso, miopia, idade avançada, etnia negra e uso crônico de corticoides são fatores de risco importantes”, afirmou.
Respondendo a Júnior Soares, de São Gonçalo dos Campos, Dr. Rafael esclareceu que hipertensão e diabetes não causam glaucoma diretamente, mas podem agravá-lo.
“Essas condições, mal controladas, podem gerar formas mais agressivas da doença, como o glaucoma neovascular.”
Já Paulo Azevedo, de Irará, perguntou sobre a cirurgia de catarata: “Nos casos de glaucoma de ângulo fechado, a cirurgia de catarata ajuda muito no controle da pressão ocular”, disse o médico.
Luciano, do bairro Papagaio, disse ter escavação grande no nervo óptico.
“Nem todo caso de escavação aumentada é glaucoma. Mas é preciso acompanhar de perto, com exames regulares”, explicou Dr. Rafael.
Carlos, do Parque Ipê, quis saber se o uso excessivo de telas pode causar glaucoma.
“O uso prolongado de telas aumenta a miopia em crianças, e miopia é um fator de risco para glaucoma. Então, sim, existe uma ligação indireta”, alertou.
Encerrando a entrevista, Roberto, de Oliveira dos Campinhos, contou que sua cunhada com glaucoma já perdeu totalmente a visão.
“A perda visual pelo glaucoma é irreversível. Mas, mesmo nesses casos, o tratamento continua necessário para evitar piora. O melhor remédio continua sendo a prevenção”, disse o médico.
Dr. Rafael Leite atende na Clinos Hospital de Olhos, em Feira de Santana. Informações podem ser obtidas pelo telefone (75) 3603-3900.
“Agradeço em nome do Clinos Hospital de Olhos pela oportunidade de falar sobre um tema tão importante. Vamos cuidar dos olhos, pessoal”, concluiu Dr. Rafael.