Obesidade exige mudança de comportamento e acolhimento, alerta cardiologista
Segundo dados apresentados em um congresso internacional de obesidade, 75% dos adultos brasileiros terão obesidade ou sobrepeso até 2044, um total de 130 milhões de pessoas.
No quadro Momento IDM Cardio, veiculado toda sexta-feira durante o Jornal do Meio Dia na Rádio Princesa FM e no De Olho na Cidade da Rádio Sociedade News, o médico cardiologista Dr. Germano Lefundes trouxe à tona um tema urgente e delicado: a obesidade. Com números alarmantes no Brasil, ele destacou os desafios do tratamento e reforçou a necessidade de uma abordagem mais consciente, acolhedora e multidisciplinar.
Segundo dados apresentados em um congresso internacional de obesidade, 75% dos adultos brasileiros terão obesidade ou sobrepeso até 2044, um total de 130 milhões de pessoas. Hoje, o índice já é de 56%, com 34% de obesos e 22% com sobrepeso.
“Os números são de fato alarmantes. Já temos um cenário bastante desafiador e as perspectivas a médio e longo prazo são assustadoras. Nada melhor do que reconhecermos o problema para lançar estratégias sustentáveis de enfrentamento”, afirmou Dr. Germano.
Ao ser questionado sobre as causas da obesidade, o médico afirmou que não se trata de um único fator.
“Obesidade é o resultado de tudo isso junto: genética, ambiente, comportamento, estresse, alimentação ultraprocessada. Nós, como espécie, fomos moldados para armazenar energia. Hoje, temos um ambiente obesogênico com oferta alimentar excessiva e pouca atividade física. Precisamos entender que essa é uma doença multifatorial”, explicou.
Dr. Germano também chamou atenção para a importância do ambiente familiar como ponto de partida para a mudança.
“Não dá para esperar só do governo. A mudança começa em casa. A forma como a gente come influencia diretamente os filhos. Quando você tira refrigerante e ultraprocessados da mesa, seus filhos aprendem com o exemplo.”
O cardiologista abordou ainda a crescente tendência de romantização da obesidade, alertando para os perigos dessa comunicação equivocada.
“Não podemos ter preconceito com ninguém. Obesidade é uma doença e não depende de preguiça, falta de vontade ou excesso de comida. Mas também não podemos romantizar. Quando a gente ignora os riscos, deixa de agir. A aceitação é importante, mas a normalização da obesidade como se fosse algo positivo atrapalha o tratamento.”
Dr. Germano defendeu o acolhimento de pacientes obesos tanto pela sociedade quanto pelos profissionais de saúde.
“A falta de acolhimento é uma barreira enorme. O paciente precisa se sentir amparado para enfrentar esse processo, que é difícil. O apoio de um médico, nutricionista, psicólogo e educador físico faz toda a diferença. É uma luta, e ninguém deve passar por isso sozinho.”
O especialista explicou a diferença entre sobrepeso e obesidade, utilizando o Índice de Massa Corporal (IMC) como referência.
“Até 25 de IMC, o peso é considerado normal. Entre 25 e 30 é sobrepeso. Acima de 30, é obesidade. O IMC não é perfeito, porque não avalia a composição corporal, mas é acessível e útil para iniciar um acompanhamento.”
Ele reforçou que o tratamento deve ser individualizado e que não existe um protocolo único.
“Temos medicamentos seguros e eficazes, mas eles não são a única solução. Mudar estilo de vida, comportamento alimentar e tratar o emocional são essenciais. Não adianta apostar em terapias sem comprovação científica. É preciso focar no que realmente funciona.”
Dr. Germano deixou um conselho para quem já enfrenta a obesidade:
“Não deixe de viver. Obesidade é uma doença, e você precisa de acolhimento e tratamento. Não é culpa sua. Procure ajuda médica, entenda que a mudança será um processo, não um evento. Abandone metas estéticas inatingíveis e foque em saúde, em bem-estar. É possível perder peso e ganhar qualidade de vida, com paciência e apoio certo.”