Durante sua participação no quadro Neuroreabilitação em Pauta do programa Cidade em Pauta, o neurologista Dr. Tarsis Farias abordou um tema de grande relevância para a saúde pública: as sequelas provocadas por lesões neurológicas e os caminhos possíveis para a reabilitação de pacientes. Com mais de 20 anos de atuação em Feira de Santana, Dr. Tarsis destacou que a lesão neurológica funciona como uma “cicatriz” no cérebro, que pode deixar marcas duradouras mesmo após a recuperação inicial.

“Sequela neurológica é como uma cicatriz. Mesmo com a melhora, a pessoa pode permanecer com alterações de longo prazo. Por isso é fundamental pensar na reabilitação desde cedo, para ajudar o paciente a retomar sua rotina”, explicou.

Entre as causas mais frequentes de sequelas neurológicas estão o AVC (Acidente Vascular Cerebral), traumas cranianos e cirurgias para retirada de tumores. De acordo com o médico, as áreas mais afetadas costumam ser as ligadas ao movimento e à cognição.

“As sequelas motoras são as mais visíveis. O paciente pode perder força em um lado do corpo, ter dificuldade para andar ou até mesmo para movimentar os braços. Essas lesões, na maioria das vezes, são cruzadas. Ou seja, uma lesão no lado direito do cérebro afeta o lado esquerdo do corpo e vice-versa”, detalhou Dr. Tarsis.

Além das limitações motoras, ele também alertou para os efeitos menos perceptíveis, mas igualmente graves: as alterações comportamentais e cognitivas.

“Tem pacientes que mudam totalmente de personalidade. Uma pessoa antes extrovertida pode ficar apática. Outros, que eram tímidos, podem se tornar excessivamente sociáveis. Há também casos de perda de memória e confusão mental, principalmente após traumas ou acidentes”, afirmou.

Outro ponto crucial levantado por Dr. Tarsis foi o papel da reabilitação multidisciplinar no processo de recuperação. O neurologista destacou que, quando possível, o ideal é que o paciente seja atendido por uma equipe integrada.

“O melhor dos mundos é ter um time de profissionais atuando juntos: neurologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo. Cada um tem uma função fundamental. Isso aumenta muito a chance de o paciente ter uma recuperação significativa”, afirmou.

Ele ainda ressaltou a necessidade de iniciar esse processo o mais cedo possível.

“Hoje já se sabe que a reabilitação deve começar ainda dentro do hospital, nos primeiros dias após a lesão. O fisioterapeuta, por exemplo, já começa a atuar ali mesmo, mobilizando o paciente e ajudando na prevenção de complicações”, explicou.

Segundo o especialista, alguns fatores são determinantes para uma reabilitação bem-sucedida, como o estado de saúde geral do paciente e o apoio familiar.

“Pacientes com boa saúde, que praticam atividade física e têm hábitos saudáveis, geralmente se recuperam melhor. Além disso, o desejo de melhorar faz toda a diferença. Quando o paciente está motivado e a família está engajada, o resultado é muito mais positivo”, afirmou.

Dr. Tarsis também fez um alerta sobre o excesso de atividade física sem acompanhamento profissional.

“Exercício é importante, mas com orientação. Já vimos casos de pessoas que sofreram AVC após levantar muito peso ou realizar manobras que aumentam a pressão interna do corpo. É preciso cuidado com os exageros”, destacou.

O neurologista atende em duas unidades em Feira de Santana: no CMO do Edifício Metropolitan Center e na Clínica Argos, localizada na Avenida Maria Quitéria. Ele também mantém um perfil no Instagram, onde compartilha conteúdos educativos e tira dúvidas (@drtarsisfarias).

“A gente acredita na neuroreabilitação como um caminho para devolver qualidade de vida. E estamos prontos para caminhar de mãos dadas com cada paciente nesse processo”, concluiu o médico.