Ginecologista esclarece vantagens e riscos do uso do DIU
Ainda há muita desinformação e mitos a respeito do DIU
Na última edição do quadro “Mulheres em Pauta”, o tema abordado pela ginecologista Dra. Márcia Suely foi o uso dos Dispositivos Intrauterinos (DIUs). A médica tirou dúvidas frequentes, explicou os tipos disponíveis no mercado e orientou sobre as vantagens e desvantagens deste método contraceptivo de longa duração.
Logo no início, a especialista destacou que, apesar de ser um assunto aparentemente comum, ainda há muita desinformação e mitos a respeito do DIU.
“Tem muita dúvida com relação ao DIU e até indicações equivocadas. Então resolvi trazer esse tema para desmistificar muitas coisas. Ele é um anticoncepcional que tem se expandido muito, com muitas vantagens — mas também com desvantagens que precisam ser conhecidas pelas mulheres”, explicou a médica.
Dra. Márcia detalhou que DIU é a sigla para Dispositivo Intrauterino, um pequeno objeto em formato de “T” ou “Y”, que é inserido dentro do útero para prevenir a gravidez.
“Ele ocupa a cavidade uterina, que é bem pequenininha, e tem como principal função a contracepção. Com a evolução dos modelos, outras indicações clínicas também surgiram”, destacou.
A ginecologista fez um panorama sobre os principais modelos em uso no país:
- DIU de cobre (ou T de cobre): muito utilizado, especialmente na rede pública. Tem eficácia de até 10 anos, mas pode causar aumento de sangramento menstrual e cólicas.
- DIU de cobre com prata: surgiu para reduzir os efeitos colaterais do DIU de cobre puro, mas com duração menor, de até 5 anos.
- DIU hormonal (Mirena): revolucionou o uso do DIU ao reduzir o fluxo menstrual. Contém hormônio e pode apresentar efeitos colaterais em até 10% das mulheres, como retenção de líquidos e enxaquecas.
- DIU hormonal Kaylena: é uma versão menor e com menos hormônio que o Mirena, indicado para adolescentes e mulheres que nunca engravidaram.
- DIUs de formatos alternativos (como ferradura ou em Y): diminuem a chance de expulsão e são usados conforme o perfil anatômico da paciente.
“Não existe o melhor DIU, existe o melhor para cada paciente. A escolha deve ser individualizada, feita junto ao ginecologista”, frisou Dra. Márcia.
Vantagens do uso do DIU
Segundo a médica, os principais benefícios são:
- Comodidade: não exige lembrança diária, como a pílula.
- Longa duração: pode variar de 5 a 10 anos.
- Alta eficácia: superior a 99%, com chances de gravidez inferiores a 1%.
- Indicações terapêuticas: útil em casos de sangramentos excessivos, anemia, endometriose, miomas e adenomiose.
Ela citou o caso de uma paciente que, sem tempo para cirurgia, utilizou o DIU como forma de controle de sangramento uterino intenso.
“Ela voltou para os Estados Unidos feliz da vida, porque evitou uma cirurgia com o uso do Mirena”, contou.
E as desvantagens?
Entre os possíveis efeitos adversos, estão:
- Aumento de cólicas e sangramento (nos modelos de cobre).
- Efeitos hormonais como retenção de líquidos e enxaquecas (nos hormonais).
- Possibilidade de expulsão ou deslocamento do DIU.
- Casos raros de gravidez mesmo com o uso do dispositivo, como o da atleta olímpica Bia Feres, citado pela médica.
“Nenhum método é 100% eficaz, nem mesmo a laqueadura. A eficácia do DIU gira em torno de 99,8%, mas pode haver falhas raríssimas. O importante é o acompanhamento médico”, ressaltou.
Quem pode usar o DIU?
Dra. Márcia afirmou que qualquer mulher pode ser candidata ao DIU, inclusive adolescentes e mulheres que nunca engravidaram, desde que com a devida orientação.
“Hoje é a primeira opção para adolescentes. Imagine: uma jovem que vai passar muitos anos evitando gravidez, nada melhor do que um método de longa duração e alta eficácia.”
Mulheres acima de 40 anos, que já apresentam ciclos irregulares e sangramentos mais intensos, também se beneficiam dos modelos hormonais.
A ginecologista atende na clínica Vitallis, em Feira de Santana.