Especialista alerta para riscos de dietas restritivas para idosos
Qualquer mudança alimentar deve ser acompanhada por uma equipe multiprofissional e ajustada ao contexto físico e cultural do paciente.
Durante o quadro Momento IDM Cardio, o médico cardiologista Dr. Cláudio Rocha fez um alerta sobre os cuidados na imposição de dietas a pacientes idosos, especialmente aqueles acima dos 85 anos. O tema surgiu a partir de um caso recente em seu consultório, envolvendo uma paciente de 102 anos cuja família se dividiu sobre a necessidade de restrições alimentares.
“Os pacientes muito idosos são mais frágeis. Restrições exageradas podem provocar desnutrição, desidratação, aumentar o risco de osteoporose, quedas e até depressão”, afirmou. Ele explicou que, nessa faixa etária, manter a cultura alimentar e o prazer de comer é parte essencial da qualidade de vida. “A alimentação é um dos grandes prazeres que nós temos. Não é hora de impor dietas de jovens para pessoas muito idosas.”
O especialista destacou que condições como a sarcopenia, que é a perda de massa muscular, e a fragilidade óssea exigem atenção especial.
“Não podemos restringir demais carboidratos, proteínas ou sal sem necessidade. Muitas vezes, o idoso pode ter níveis de glicemia mais altos que os de um jovem, sem que isso represente risco imediato. Já a hipoglicemia, sim, pode aumentar a mortalidade.”
Outro ponto enfatizado foi a importância do convívio social nas refeições. “Trabalhos científicos mostram que idosos que almoçam com a família vivem mais e têm menos depressão. O momento da refeição deve ser de prazer, não de discussões sobre o que ele pode ou não comer.”
Dr. Cláudio também orientou sobre casos específicos de idosos acamados, que apresentam risco de broncoaspiração, quando alimentos ou líquidos vão para o pulmão, podendo causar infecções respiratórias graves. Entre as medidas preventivas, recomendou oferecer alimentação sempre com o paciente sentado, evitar líquidos puros e espessar comidas, usando, por exemplo, gelatina ou espessantes próprios.
O cardiologista defendeu que qualquer mudança alimentar seja acompanhada por uma equipe multiprofissional e ajustada ao contexto físico e cultural do paciente.
“Mesmo quando há necessidade de emagrecimento para melhorar a mobilidade ou aliviar dores, é possível adaptar a dieta mantendo os alimentos de que o idoso gosta”, disse.
Ele deixou um recado aos familiares: “Respeitem a história alimentar do idoso. Se ele sempre comeu galinha caipira ou carne de carneiro, e os exames estão bem, não há motivo para proibir. Restrições desnecessárias podem tirar um dos poucos prazeres dessa fase da vida.”
O Dr. Cláudio Rocha pode ser acompanhado pelo Instagram @drclaudiorochacardio.