Especialista alerta para estratégias de organização financeira em 2025 e os riscos do endividamento
O advogado especialista em direito bancário Carlos Benjamin destaca que a falta de planejamento e a facilidade de crédito são fatores preocupantes.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) divulgou que o percentual de famílias endividadas no Brasil caiu para 76,7% em dezembro de 2024. Apesar da redução pelo segundo ano consecutivo – era de 77,6% em 2023 –, especialistas alertam que a mudança é pouco significativa diante do alto índice de endividamento.
Para discutir esse cenário e apontar estratégias para organização financeira, o advogado especialista em direito bancário Carlos Benjamin destaca que a falta de planejamento e a facilidade de crédito são fatores preocupantes.
Um dos pontos levantados pelo especialista é o impacto da falta de educação financeira nas novas gerações.
“Os jovens têm maior acesso à tecnologia e à informação, mas também enfrentam a oferta de crédito facilitado por bancos digitais, muitas vezes sem critérios mais rigorosos”, pontua. Segundo ele, a maior parte das dívidas ainda se concentra em pessoas entre 41 e 60 anos, mas a tendência é que o endividamento aumente entre os mais jovens devido à falta de base educacional sobre finanças.
Para o advogado, a inclusão de conteúdo sobre finanças no ensino básico ajudaria a reverter o cenário.
“Aprendemos sobre juros na escola, mas sem um viés prático. Se houvesse uma política para ensinar sobre planejamento financeiro desde cedo, poderíamos reduzir significativamente o endividamento”, sugere.
Ele também defende que o setor privado, incluindo empresas e instituições religiosas, promovam cursos e ações para conscientizar a população sobre a importância da gestão financeira.
Estratégias para renegociação de dívidas
Para aqueles que já estão endividados, Dr. Carlos orienta a adoção de um planejamento criterioso antes de buscar renegociação com os bancos.
“O primeiro passo é organizar o orçamento, saber exatamente quanto se ganha e quanto se gasta. Depois, é fundamental priorizar os contratos que possuem garantia real e os que têm maior taxa de juros, evitando que a dívida vire uma bola de neve”, explica.
Ele alerta ainda sobre os riscos das renegociações diretas com as instituições financeiras. “Muitas vezes, a renegociação apenas aumenta a dívida. Um contrato de R$ 100 mil pode virar um compromisso de R$ 150 mil. Por isso, é importante que o novo acordo caiba no orçamento do devedor para evitar novas inadimplências”, ressalta.
Sobre o uso do crédito, Dr. Carlos destaca o perigo de gastos excessivos no cartão. “Muita gente pensa que se ganha R$ 10 mil e tem um limite de R$ 10 mil, então pode gastar R$ 20 mil. Esse tipo de comportamento leva ao superendividamento”, adverte.
Ele reforça que os juros do rotativo do cartão são os grandes vilões do endividamento no Brasil. “A taxa pode chegar a 400% ao ano. Quem paga apenas o mínimo da fatura entra em um ciclo vicioso, onde os juros se acumulam e tornam a dívida impagável”, afirma.
A solução, segundo o especialista, está em um planejamento financeiro realista e na construção de uma reserva de emergência.
“Com um orçamento bem estruturado, as pessoas podem cortar gastos supérfluos e evitar depender do crédito para emergências. O endividamento excessivo compromete o bem-estar financeiro e impede as pessoas de aproveitarem momentos de lazer com segurança”, conclui.