Corrida de rua cresce no Brasil, mas exige atenção com a saúde do coração e dos músculos, alerta cardiologista
Em 2024, o país registrou quase 3 mil provas oficiais, segundo dados da Associação Brasileira de Organizadores de Corridas de Rua, um aumento de 29% em relação ao ano anterior.
A corrida de rua se consolidou como uma das práticas esportivas mais populares no Brasil. Em 2024, o país registrou quase 3 mil provas oficiais, segundo dados da Associação Brasileira de Organizadores de Corridas de Rua, um aumento de 29% em relação ao ano anterior. O crescimento expressivo chama atenção não apenas pelos benefícios, mas também pelos riscos que a prática pode trazer, especialmente quando se trata de provas de longa distância, como a maratona.
O cardiologista Dr. Israel Reis alerta para os cuidados necessários ao encarar os exigentes 42,195 km de uma maratona. Segundo ele, o esforço prolongado representa um grande desafio para todo o organismo.
“Correr uma maratona é uma prova de resistência para todos os sistemas do nosso corpo. Em geral, dura entre três e quatro horas, com o coração mantendo uma frequência elevada, às vezes próxima da máxima”, explica. “Isso leva a um aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e do volume de sangue bombeado.”
Dr. Israel destaca que estudos mostram aumento de troponina, proteína liberada quando há lesão no músculo cardíaco, após provas desse tipo. No entanto, essas alterações não têm sido associadas, até o momento, a danos permanentes em indivíduos saudáveis.
Além da sobrecarga cardíaca, há também impactos musculares e articulares.
“Durante a preparação e a prova, acontecem microlesões musculares e articulares. A maratona não é apenas o dia da corrida, é um ciclo longo de treinamento com grande volume. Então, a sobrecarga acontece ao longo de todo o processo”, afirma o cardiologista.
Apesar das exigências do esporte, ele frisa que não há evidência científica de que essas adaptações temporárias causem doenças em pessoas sem condições prévias. Ainda assim, é fundamental estar atento a sinais de alerta.
“Dor no peito durante o esforço, tontura, cansaço desproporcional, dores articulares frequentes, tudo isso deve acender um sinal de que algo está errado. É hora de procurar um médico”, orienta.
Para diminuir os riscos e garantir uma prática segura, o especialista recomenda:
- Treinamento supervisionado:
“Não dá pra confiar apenas em planilhas da internet ou treinar por conta própria. O ideal é ter um profissional de educação física acompanhando, porque é um ciclo longo e exige estrutura”, reforça. - Avaliação cardiológica:
“Pessoas com mais de 40 anos, hipertensas, diabéticas ou com histórico familiar de infarto ou morte súbita devem passar por avaliação com cardiologista antes de iniciar a preparação”, completa. - Acompanhamento nutricional:
“Saber o que comer, quando e como se hidratar durante o ciclo de treinos é essencial. O suporte de um nutricionista ajuda na reposição de carboidratos, proteínas e eletrólitos”, conclui o médico.
*Com informações da repórter Isabel Bomfim