Dia Mundial de Conscientização do Autismo: a importância da inclusão social e do acesso aos tratamentos
Psicóloga destaca que as terapias ajudam os pacientes a se tornarem mais independentes
A data 2 de abril é marcada como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Os Transtornos do Espectro Autista são distúrbios do neurodesenvolvimento caracterizado por deficiente interação e comunicação social, padrões de comportamento e desenvolvimento intelectual irregular que costumam apresentar os primeiros sintomas logo na infância.
A psicóloga Ana Rita Antunes explica que, a sociedade ainda associa o autismo apenas a limitações e que não enxergam as possibilidades ali presentes. Ela revela que ainda há muitas barreiras e falta de inclusão. “São necessários investimentos na qualificação, estimulação e no tratamento dessas pessoas. É preciso investir para que você tenha um retorno e eu nem falo só da questão do retorno financeiro, retorno social mesmo. São muitas pessoas que podem conviver bem, serem amigas tranquilamente dentro de nossa sociedade, participarem de eventos.”
A profissional reforça que os tratamentos e terapias ajudam os pacientes a avançarem e Júlio José de Almeida é um desses exemplos. Acompanhado por Rita a um tempo, ele é pedagogo e formado em Direito. Em entrevista ao programa Jornal do Meio-dia da rádio Princesa FM, ele disse que passou por dificuldades em matérias e problemas de socialização na escola e na faculdade, só foi diagnosticado aos 18 anos e iniciou o tratamento.
“Eu tinha muita dificuldade em matemática, física e não interagia muito com os meus colegas e quando fui para a faculdade, isso foi ficando mais acentuado. A terapia me ajudou muito, percebi logo nos primeiros dias do tratamento. Gosto muito de shows, gosto muito de sair fantasiado no carnaval, aproveitar a música. Me interesso por moda, um dos meus sonhos é ser modelo”, disse Júlio que saiu de um grau de suporte 3 para o grau de suporte entre 1 e 2, levando uma vida mais independente, saindo sozinho e participando de mais atividades.
Ana Rita explica que o diagnóstico tardio em alguns casos, vem através da falta de conhecimento sobre o autismo por parte dos profissionais a anos atrás, quando não havia estudos mais específicos sobre a especialidade. Apesar do autismo não ter cura, as terapias e os tratamentos fazem com que o sujeito consiga viver melhor, de forma mais independente em níveis sociais. A psicóloga reforça que o dia da conscientização é uma forma de reafirmar a importância da ampliação da rede de acesso aos tratamentos, já que nem todos podem pagar por profissionais especializados e que além de ser um direito, a falta de acompanhamento acentua a exclusão dessas pessoas no meio social.