Fisioterapeuta explica novas pesquisas e dificuldades da reabilitação de lesão medular
Segundo o fisioterapeuta, a reabilitação depende de estratégias que vão desde a tentativa de recuperar movimentos até a adaptação da rotina.
O quadro Neuroreabilitação em Pauta entrevista esclarecedora com o fisioterapeuta Vinicius Oliveira, da clínica Reabserv. O especialista abordou o tema “Lesão Medular: Atualizações e Desafios”, explicando causas, novos tratamentos e a realidade da reabilitação de pacientes.
Vinicius explicou o papel da medula espinhal: “O cérebro precisa se comunicar com os órgãos e músculos, e a medula é a grande via dessa comunicação. Uma lesão medular pode ocorrer em diferentes níveis — cervical, torácico ou lombar — e cada nível traz comprometimentos específicos”.
Vinicius destacou uma pesquisa brasileira que pode representar um avanço inédito: “Uma cientista da UFRJ estuda há 25 anos uma proteína chamada poliamina. Ela pode ajudar na reconexão dos neurônios quando a medula é cortada. Estudos iniciais em animais mostraram recuperação de movimentos, e agora a pesquisa aguarda autorização da Anvisa para testes em humanos. É uma luz no fim do túnel”, disse.
Segundo o fisioterapeuta, a reabilitação depende de estratégias que vão desde a tentativa de recuperar movimentos até a adaptação da rotina.
“Às vezes precisamos de substituição comportamental: se o paciente não mexe as mãos, ensinamos a escrever com a boca. Em outros casos, acreditamos no retorno de movimentos e investimos em exercícios físicos”, explicou.
O maior obstáculo, porém, é o acesso. “É uma doença altamente incapacitante. Muitos pacientes do interior não têm condições de contar com fisioterapia frequente ou equipamentos básicos, como uma cadeira de rodas. Às vezes, a própria casa não comporta ventilação mecânica”, relatou. Para amenizar esse problema, a clínica mantém um projeto social que arrecada e doa cadeiras de rodas e de banho: “Quem puder doar, pode nos procurar pelo Instagram @reabserv ou pelo telefone (75) 3304-0356”.
Vinicius reforçou que a família é parte essencial da reabilitação. “A reabilitação não é só fisioterapia. A família precisa estar treinada, porque ela vai lidar 24 horas com o paciente.”
Ele também alertou para os cuidados em acidentes: “Não mexa na vítima. Ligue para o Samu (192), sinalize o local e espere os profissionais. Movimentar a pessoa pode agravar a lesão.”
Vinicius deixou uma mensagem de esperança: “A ciência avança, mas enquanto aguardamos novas terapias, o fortalecimento físico e a reabilitação diária são fundamentais para a qualidade de vida”.