Saúde

Lipedema: doença crônica afeta 1 em cada 10 mulheres, alerta nutróloga

A doença, considerada crônica e predominantemente feminina, compromete o tecido adiposo e atinge principalmente pernas e quadris

21/04/2025 19h20
Lipedema: doença crônica afeta 1 em cada 10 mulheres, alerta nutróloga

Em entrevista ao programa Jornal do Meio Dia, a nutróloga Dra. Aline Jardim chamou atenção para uma condição ainda pouco conhecida, mas que afeta milhões de mulheres no Brasil e no mundo: o lipedema. A doença, considerada crônica e predominantemente feminina, compromete o tecido adiposo e atinge principalmente pernas e quadris, causando dor, inchaço e impacto direto na autoestima e saúde emocional das pacientes.

“O lipedema é uma doença crônica do tecido adiposo, essa gordura localizada, que na maioria das vezes aparece no bumbum, nas pernas e pode chegar até os tornozelos, sem comprometer o pé. É como se houvesse um garrote na região do tornozelo, o que deixa o pé ‘sequinho’, mas a perna inchada. É uma doença simétrica, ou seja, atinge as duas pernas ao mesmo tempo, diferente do linfedema, que geralmente atinge apenas um lado”, explica Dra. Aline.

A especialista lembra que o reconhecimento oficial do lipedema como doença aconteceu recentemente, há cerca de dois anos, o que gerou uma mudança no diagnóstico e tratamento. Muitas mulheres que antes se sentiam diferentes, mas não sabiam o motivo, agora compreendem que há uma explicação médica para os sintomas.

“Não tem cura, mas tem tratamento. É uma doença crônica, como a obesidade. E o tratamento não se resume a medicamentos. Envolve mudança no estilo de vida, reeducação alimentar – mais restrita, inclusive, do que a de um paciente obeso –, exercícios físicos adequados e suplementações específicas”, pontua.

Segundo a nutróloga, não há como prevenir o lipedema, mas é possível evitar que ele evolua para estágios mais graves.

“É uma herança genética. Quando você olha para a mãe, tia, avó, muitas vezes outras mulheres da família também têm essas características. A gente não consegue evitar que a doença apareça, mas conseguimos impedir que ela avance para estágios mais severos, como o grau 4, quando a mulher tem dificuldade até de caminhar”, alerta.

No Brasil, estima-se que uma em cada dez mulheres sofra com o lipedema. De acordo com Dra. Aline Jardim, muitas ainda escondem a condição por vergonha e por acreditarem que é apenas uma questão estética.

“A saúde mental dessas mulheres também é profundamente afetada. Muitas desenvolvem depressão, se sentem menos desejadas, têm vergonha de usar um biquíni ou shorts. E como o lipedema não está necessariamente ligado à obesidade, mulheres magras também são acometidas e, por isso, escondem a condição por mais tempo. O sofrimento emocional é real”, enfatiza.

A médica também comentou sobre o papel das redes sociais e da internet nesse contexto: “A gente precisa ter cuidado, porque o excesso de informações desencontradas na internet pode piorar a situação emocional dessas mulheres. Elas se comparam e se sentem ainda mais diferentes”.

O tratamento, segundo a nutróloga, inclui desde a prescrição de medicamentos e hormônios – já que o lipedema tem relação com o estrogênio – até procedimentos mais invasivos como a lipoaspiração, dependendo do estágio da doença.

“Há mulheres que se satisfazem ao controlar a dor e o inchaço com o tratamento clínico. Outras, em estágios mais avançados, recorrem à cirurgia. Mas tudo depende da individualidade de cada caso”, explica.

Dra. Aline finalizou a entrevista incentivando o acesso à informação de qualidade: “Nós estamos sempre nas redes sociais dividindo conteúdo sobre saúde. Quem quiser acompanhar mais informações, é só seguir o @draalinejardim e o @institutodaplasticafeira”.

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