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Zelensky não pedirá desculpas a Trump após desentendimento na Casa Branca

Presidente ucraniano lamenta o episódio, mas reforça a importância do apoio dos EUA e destaca a necessidade de uma relação forte entre os dois países

01/03/2025 10h10
Zelensky não pedirá desculpas a Trump após desentendimento na Casa Branca
Foto: Ministério da Defesa da Ucrânia

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que não pretende pedir desculpas ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um desentendimento ocorrido na Casa Branca nesta sexta-feira (28).

Em entrevista à Fox News, Zelensky lamentou o episódio, mas destacou que considera o apoio norte-americano essencial para o futuro do país. “Não foi bom para os dois lados”, declarou.

Quando questionado se algo o havia deixado com raiva, Zelensky desabafou: “Não se trata de raiva. Mas, quando estou nos EUA e políticos americanos me afirmam que a Ucrânia está quase destruída, que nossos soldados fogem do inimigo, que não são heróis e que eu sou um ditador… qual é a reação que posso ter?”

A declaração faz referência a comentários de Trump, que acusou o líder ucraniano de agir como um ditador por não convocar eleições durante o conflito – decisão respaldada pela legislação ucraniana, que permite a suspensão do pleito em tempos de lei marcial.

Zelensky continuou, enfatizando sua preocupação com a relação entre os dois países: “A reação é: onde está nossa amizade? Por isso, não quero perder os Estados Unidos como parceiro. Em Munique, na Conferência de Segurança, e em outras ocasiões, pedimos: ‘por favor, não exagere nas estimativas; não temos milhões de perdas militares’”, criticou, referindo-se aos números divulgados sobre as baixas nas Forças Armadas ucranianas.

Apesar do atrito, o presidente ucraniano afirmou que deseja recuperar sua relação com Trump e espera que os Estados Unidos continuem ao lado da Ucrânia. Ele ressaltou que Kiev não tem condições de expulsar as tropas russas sozinha e que qualquer negociação de paz só será viável se o país estiver em uma posição de força.

Ao final da entrevista, Zelensky reiterou sua gratidão pelo apoio dos EUA e demonstrou otimismo quanto à possibilidade de superar as divergências. “Estamos gratos e lamentamos o ocorrido, mas, com certeza, podemos salvar essa relação”, afirmou.

A tensão entre os dois líderes surgiu durante uma reunião oficial, quando Trump pressionou Zelensky a aceitar um acordo para encerrar a guerra contra a Rússia.

O conflito, iniciado em 2022 após a invasão russa, ainda não apresenta perspectiva de resolução, e a postura dos EUA em relação à Ucrânia mudou com o retorno de Trump à Casa Branca. Enquanto o governo de Joe Biden oferecia amplo apoio militar e financeiro, Trump tem adotado uma abordagem mais conciliatória com Moscou.

O desentendimento ocorreu quando Zelensky expressou ceticismo sobre um possível compromisso de paz por parte do presidente russo, Vladimir Putin. O líder ucraniano classificou Putin como um “assassino” e criticou os Estados Unidos por não terem impedido a agressão russa entre 2014 e 2022. Esse comentário provocou uma reação imediata do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, que interrompeu Zelensky, afirmando:
“Senhor presidente, com todo o respeito, acho desrespeitoso da sua parte vir ao Salão Oval e tentar debater isso diante da mídia americana.”

Trump elevou o tom: “Você está apostando com a vida de milhões de pessoas. Está apostando com a Terceira Guerra Mundial. O que você está fazendo é muito desrespeitoso com este país, que o apoiou muito mais do que muitos disseram que deveria.”

O desentendimento ocorreu no momento em que os dois líderes deveriam assinar um acordo que permitiria aos EUA explorarem minerais e recursos naturais na Ucrânia – tratado considerado fundamental para garantir a continuidade do apoio norte-americano a Kiev. No entanto, Zelensky exige garantias concretas antes de assinar qualquer compromisso.

Após o encontro, Trump se manifestou no TruthSocial, criticando Zelensky por, segundo ele, desrespeitar os Estados Unidos no Salão Oval. O ex-presidente afirmou que o líder ucraniano só poderá voltar à Casa Branca “quando estiver pronto para a paz”.

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