Workshop da PMBA destaca inclusão e direitos humanos no cuidado com pessoas com deficiência
Com o tema “O Cuidado com as Pessoas com Deficiência e as Políticas de Direitos Humanos”, o evento teve como destaque a palestra de abertura do secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, professor doutor Felipe Freitas
A sede do Esquadrão de Polícia Montada de Feira de Santana foi palco, nesta quarta-feira (9), do 1º Workshop de Equoterapia da Polícia Militar da Bahia (PMBA), reunindo profissionais de saúde, segurança, educação, além de estudantes, gestores municipais e representantes da sociedade civil de diversas regiões do estado.
Com o tema “O Cuidado com as Pessoas com Deficiência e as Políticas de Direitos Humanos”, o evento teve como destaque a palestra de abertura do secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, professor doutor Felipe Freitas, que abordou a equoterapia como instrumento de inclusão social e política pública de cuidado.
“É um serviço de saúde pública, uma ação de política de cuidado. Este ano, o presidente Lula sancionou a Lei da Política Nacional de Cuidados, e essa iniciativa da PMBA é a materialização disso. É também uma política para as mulheres, porque são elas que majoritariamente assumem os cuidados de pessoas com deficiência e neurodivergência. É um trabalho que nos orgulha e que queremos apoiar e fortalecer”, destacou o secretário.
Freitas também ressaltou que a prática contribui para a valorização cultural e ambiental. “A gente resgata uma relação histórica com os animais. Somos uma região de vaqueiros e montadoras. Usar essa relação em favor da saúde é algo belíssimo”, completou.
O coordenador da equoterapia no Esquadrão, Capitão Odilon, contou que a unidade desenvolve o trabalho há mais de 20 anos, em parceria com organizações como a ABAE e a Amigos da Equoterapia. Segundo ele, o workshop foi pensado para dar visibilidade ao projeto e capacitar profissionais interessados.
“É muito importante no aspecto psicológico, emocional e físico. Aqui, ouvimos mães e familiares que testemunham a melhora na saúde de seus filhos. Hoje, atendemos mais de 100 crianças com deficiência de forma contínua, com expectativa de alta terapêutica e novos ingressos”, explicou o capitão.
Interessados em participar do projeto podem entrar em contato pelo telefone (75) 99864-9035 ou pelo Instagram @cavalariadefeiradesantana. Segundo Odilon, há uma avaliação inicial feita por equipe multidisciplinar para garantir a viabilidade do atendimento.
O Major Altamiro, palestrante do evento e responsável pela equoterapia da cavalaria de Itabuna por cinco anos, compartilhou uma vivência pessoal como pai de um autista de grau 3.
“Quando tratamos o praticante, influenciamos toda a família. Os benefícios são inúmeros. A equoterapia melhora o controle inibitório, a fala, a diminuição da ansiedade. Para crianças com dificuldades motoras, o cavalo simula a andadura humana, e seu movimento tridimensional e calor corporal têm efeitos terapêuticos incríveis”, afirmou.
A fundadora e presidente da ABAE, Maria Cristina, também falou durante o evento e reforçou a importância da parceria com o poder público.
“Meu filho nasceu com paralisia cerebral severa, sem prognóstico de andar ou falar. Com a equoterapia, conquistamos avanços que nenhuma terapia convencional proporcionou. Já estamos presentes em 17 municípios e atendemos cerca de 400 pessoas. Nossa meta é ampliar ainda mais esse serviço, buscando apoio das instituições públicas e privadas”, afirmou.
Maria Cristina reforçou que, apesar da beleza e dos resultados do trabalho, a sustentabilidade da equoterapia depende de contrapartidas do poder público.
O workshop deixou evidente que a equoterapia vai além de uma simples terapia alternativa: ela promove inclusão, reabilitação, integração comunitária e fortalecimento de vínculos sociais, além de ser um exemplo de como políticas públicas podem ser eficazes quando desenvolvidas com compromisso, sensibilidade e parceria.
*Com informações do repórter Matheus Gabriel