Vereadores repercutem declaração da ex-ministra Damares sobre abuso sexual infantil
Ivanberg Lima e Valdemir Santos defenderam seus pontos de vista
A ex-chefe da pasta do governo de Jair Bolsonaro (PL) vem sendo acusada de ter se omitido diante de supostos casos de crimes sexuais contra crianças na Ilha de Marajó, no Pará. A denúncia veio à tona em um vídeo que vem circulando nas redes sociais desde o último domingo (9). A gravação mostra um discurso de Damares em um templo da Assembleia de Deus, em Goiânia, em que fez graves acusações para tentar angariar votos ao presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição no próximo dia 30. Na ocasião, ela contava que uma comitiva do governo federal, da qual teria feito parte, teria ido à região e descoberto que menores de idade estavam sendo traficados.
A ex-ministra, que era assistida por uma plateia cheia de crianças, ao ressaltar que a ilha fazia fronteiras com diversos países, declarou ter “imagens de crianças de 4 anos, 3 anos que, quando cruzam as fronteiras, sequestradas, têm seus dentinhos arrancados para elas não morderem durante o sexo oral”. A futura senadora pelo Distrito Federal ainda dispara, sem apresentar quaisquer provas, que “essas crianças comem comidas pastosas para que o intestino fique livre para a hora do sexo anal”. A ex-ministra conclui sua fala pedindo voto para o atual presidente, afirmando que Bolsonaro estaria enfrentando uma “guerra espiritual”.
No entanto, Damares não cita nenhuma medida do governo federal para combater o crime que descreve. Tampouco explicou por que ela, então ministra, não fez as devidas denúncias públicas à época. A senadora eleita declarou apenas que a gestão bolsonarista teria recebido informações sobre as vítimas de tráfico humano e iria atrás de cada uma das crianças. E a reação da sociedade, segundo ela, foi que “o inferno se levantou contra Bolsonaro”, que estaria enfrentando uma “guerra espiritual”.
Repercussão em Feira de Santana
Em Feira de Santana, vereadores de lados opostos defenderam seus pontos de vista. O vereador Pastor Valdemir Santos (PV), disse ao portal De Olho na Cidade, que o país sabe que existem crianças que são violentadas. Ele criticou, ainda, o colega professor Ivanverg Lima (PT), que censurou as declarações de Damares.
“Nós somos conhecedores que realmente as nossas crianças são violentamente atingidas. Ele [Ivanberg] poderia ter usado sua fala de uma forma diferente quando se referia ao crime denunciado. Eu fiquei preocupado e até expressei que era uma inversão de valores, e disse que ele deveria elogiar a senadora pela coragem ao fazer a denúncia. Tenho certeza que ela não iria, como pessoa pública, fazer uma exposição dessas sem provas. Ele usou um tom: vai ter que pagar. É uma fake. Como ele sabe que é fake?”, questionou Valdemir.
Segundo o vereador Ivanverg Lima (PT), Valdemir Santos indicou “ocultação de crime”.
“A ministra afirmou que existia crimes de exploração sexual de menores, e isso eu falei na tribuna, pois o Ministério Público perguntou porque ela como gestora da Família, Mulher e Direitos Humanos, não denunciou o caso, à época. Na fala do vereador, ele disse que eu estava ocultando crime. Agora, eu não entendi o que ele quis dizer com isso, só se ele tem uma outra conotação pra palavra. Pelo contrário, eu disse que ela deveria ter acusado. Eu vou pedir explicações ao Conselho de Ética dessa Casa e entrar na justiça”, explicou.
*Rafael Marques com informações do Rede Brasil Atual