Vereadores de Feira de Santana reagem à fala polêmica do governador Jerônimo Rodrigues
Vereadores de oposição apresentaram moção de repúdio
A fala do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), durante um discurso no município de João Dourado, provocou fortes reações na sessão desta terça-feira (6) da Câmara Municipal de Feira de Santana. A declaração, na qual o governador teria sugerido “levar o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus eleitores para a vala”, foi rebatida por vereadores da oposição, que classificaram a fala como “criminosa” e “nazista”. Já parlamentares da base governista pediram equilíbrio, destacaram o contexto e lembraram que o governador já pediu desculpas.
O vereador Edvaldo Lima afirmou que a fala de Jerônimo “ultrapassou todos os limites do aceitável em uma democracia”.
“O governador do PT sugeriu o assassinato de mais de 58 milhões de brasileiros. Mas, ao contrário de outros que foram punidos, ele não será condenado, porque hoje o país está dominado por um pequeno grupo político. Eles dizem o que querem, mandam calar, mandam prender e soltar. O orgulho precede a destruição. A justiça divina nunca falha”, disse Edvaldo.
Já o vereador Ismael Bastos também apresentou uma moção de repúdio à fala de Jerônimo Rodrigues.
“Ele disse que era para abrir uma vala com uma retroescavadeira e enterrar quem não votou nele. Até ontem, eu respeitava o governador pela função que ocupa, mas agora ele perdeu esse respeito”, disse Ismael.
José Carneiro, por sua vez, adotou um tom crítico, mas mais moderado. “Me surpreendi negativamente. Ele sempre foi educado e fino no trato pessoal. Mas, pelo que conheço da sua humildade, acredito que pode vir a público pedir desculpas. E, se fizer isso, está tudo certo. Quem nunca errou que atire a primeira pedra.”
Os vereadores Silvio Dias e Ivamberg Lima pediram cautela e ressaltaram o histórico de trabalho de Jerônimo e o pedido de desculpas feito publicamente.
Silvio Dias lembrou que Jerônimo “se destacou por um trabalho sensível e voltado para os mais pobres” e contextualizou a emoção da fala:
“O governador sofreu, como todos nós, ao ver mais de 700 mil mortos na pandemia por conta de um discurso negacionista. Ele errou ao usar o termo ‘vala’, mas já pediu desculpas. Não é a conduta dele. Quem prega ódio é o outro grupo político, que fazia arminha com criança, que dizia que ia metralhar petista. Isso sim é discurso de morte”, argumentou.
Ivamberg Lima reforçou que é necessário observar a trajetória política do governador e não se deixar levar por uma frase infeliz:
“Todos nós já erramos. O próprio governador já reconheceu que não deveria ter dito aquilo. Vamos olhar o que ele fez e faz pelo estado. Jerônimo tem trabalhado para melhorar a Bahia, como vimos na Micareta, em que o estado investiu mais do que o município. Não podemos diminuir nosso estado por conta de uma frase retirada de contexto.”
Entenda o caso
Durante um discurso no município de João Dourado, no último dia 2, o governador Jerônimo Rodrigues declarou que “os eleitores de Bolsonaro deveriam ir para a vala com ele”. A repercussão foi imediata e negativa. Na segunda-feira (5), Jerônimo se defendeu, afirmando que a fala foi retirada de contexto e reconheceu o erro.
“Usei um termo infeliz ao falar ‘vala’ no calor do momento. Foi um exagero e já pedi desculpas. Sou homem de fé e jamais associaria ‘vala’ à morte de alguém. Isso não combina comigo”, disse o governador, acrescentando que comparava os governos Bolsonaro e Lula, destacando a diferença no trato com os estados.
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