Vereador propõe reforma administrativa em Feira de Santana: “Precisamos gastar melhor para remunerar melhor”
A proposta, segundo ele, visa reorganizar a estrutura da Prefeitura para otimizar os gastos públicos, melhorar os salários dos servidores e garantir maior capacidade de investimento.
O vereador e presidente municipal do Cidadania em Feira de Santana, Pedro Américo, defendeu, durante entrevista ao programa De Olho na Cidade, a necessidade de uma reforma administrativa no município. A proposta, segundo ele, visa reorganizar a estrutura da Prefeitura para otimizar os gastos públicos, melhorar os salários dos servidores e garantir maior capacidade de investimento.
“Esse assunto é muito importante. Eu já trato disso há alguns anos, estudando e aprofundando para fazer política com coerência e seriedade”, afirmou o parlamentar. Para ele, a atual estrutura administrativa está inchada e impede que recursos sejam direcionados de forma mais eficiente. “A gente precisa repensar como o gasto com pessoal é executado. Não só para cargos comissionados, mas para todos os servidores, como professores, guardas municipais e outras categorias”, completou.
Durante recente debate na Câmara Municipal, reacendido após a proposta de aumento salarial para cargos comissionados, o vereador aproveitou para ampliar a discussão.
“Sou a favor de uma remuneração mais justa para comissionados, sim. Mas isso precisa vir dentro de uma reforma maior, que repense o número de secretarias, reorganize funções e reduza sombreamentos entre cargos.”
Um exemplo citado por ele é a situação dos guardas municipais. “Feira de Santana tem perdido profissionais de excelência para outras cidades. Aqui, um guarda municipal ganha um pouco mais que um salário mínimo, enquanto cidades vizinhas chegam a pagar até R$ 3.800, podendo chegar a R$ 7 mil com horas extras. Isso desestimula e causa evasão de bons profissionais.”
Outro ponto destacado é a grande diferença entre salários de cargos estratégicos. “Um chefe de gabinete hoje ganha cerca de R$ 3.200. É o segundo escalão da gestão pública, com alta responsabilidade, mas com uma remuneração desproporcional. São pessoas que gerenciam setores, cuidam de políticas públicas e merecem mais reconhecimento.”
Pedro Américo também defende um programa de dedicação exclusiva para professores da rede municipal.
“Hoje um professor pode ter até 60 horas de trabalho divididas entre setores. Podemos criar um programa que remunere bem e o mantenha exclusivamente na rede pública, com foco e qualidade no ensino.”
A proposta, segundo ele, não busca apenas cortes, mas eficiência. “Não é aumentar gasto por aumentar. É enxugar a máquina, reorganizar funções, e a partir disso, gastar melhor e aí sim, remunerar melhor os profissionais que fazem a gestão acontecer.”
Ao ser questionado sobre a receptividade da proposta no Legislativo e Executivo, o vereador admitiu que o tema é delicado.
“Reduzir cargos comissionados e secretarias não agrada a todos, mas vejo o prefeito José Ronaldo com disposição e sensibilidade para estudar essa viabilidade. O que pedi foi um estudo técnico para entender o impacto disso na folha. A curto prazo é difícil, mas precisamos começar esse debate.”
Para ele, esse é um desafio que não se restringe ao município. “Esse debate serve para Feira, para o Estado e para o Brasil. O próprio governo federal caminha para um colapso financeiro se os gastos continuarem assim.”
Pedro Américo concluiu com um apelo à sociedade: “Não existe dinheiro da prefeitura, do Estado ou do governo federal. Existe o dinheiro do povo. O que pagamos em impostos precisa ser melhor aplicado. Quando a sociedade entender isso e cobrar, os políticos vão acompanhar. É assim que drenagem virou prioridade. O mesmo pode acontecer com a reforma administrativa.”