Uso de rebite entre caminhoneiros é problema de saúde pública, aponta especialista
Segundo a Lei 13.103 15, é proibido ao motorista profissional dirigir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas em veículos de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte rodoviário de cargas. Contudo, a lei não é seguida na prática.
“Rebite” é o nome dado a uma droga sintética, um tipo de anfetamina, que promove sensações de animação e agitação. A anfetamina é comumente utilizada por caminhoneiros pois atua estimulando o sistema nervoso central, fazendo o cérebro trabalhar mais depressa e diminuindo a impressão dos sintomas de cansaço.
Segundo o cardiologista, Dr. Israel Reis, o problema não se restringe apenas aos caminhoneiros: “Todos nós andamos em estradas, e passamos por caminhoneiros cansados ou ‘rebitados’. E isso é um grande risco”.
O especialista explica que a droga tem uma tolerância, ou seja, a cada uso a necessidade se fortalece e para atingir o objetivo desejado as dosagens precisam ser cada vez maiores. “Começa com um comprimido, depois aumenta para dois, quatro, e há relatos de caminhoneiros que tomam até 40 ou 60”.
Caminhoneiros costumam não ter tempo para se exercitar, vivem sob estresse, dormem mal, podem possuir índices de hipertensão e não mantêm uma boa alimentação. Assim, com esse conjunto de hábitos prejudiciais, o uso de rebites pode provocar um colapso no organismo.
Algumas das consequências são dor de cabeça, perda de peso, aumento do batimento cardíaco e pressão arterial, visão desfocada, confusão, boca seca, gastrite, desnutrição e ansiedade. Em casos mais graves, podem surgir problemas como sensação de pânico, depressão, paranoia, irritabilidade, impotência sexual, redução da libido, síndrome de perseguição, entre outras reações.
Segundo a Lei 13.103 15, é proibido ao motorista profissional dirigir por mais de 5 (cinco) horas e meia ininterruptas em veículos de transporte rodoviário coletivo de passageiros ou de transporte rodoviário de cargas. Contudo, a lei não é seguida na prática.
“Existem motoristas que dirigem a madrugada inteira, ou dia inteiro, pois quanto mais ele dirige e entrega mais dinheiro ele ganha. Esse é um problema de saúde pública pois atinge a todos nós”.
O tratamento não é feito apenas com medicações, mas depende de um reajuste da carga horária de trabalho, com espaço para descanso apropriado. Junto a isso, acompanhamento psicológico e psiquiátrico pode ser requerido.