Uso das “canetinhas emagrecedoras” exige responsabilidade e acompanhamento médico, alerta nutróloga
Essas medicações foram desenvolvidas inicialmente para o tratamento de diabetes, mas ganharam espaço no combate à obesidade e distúrbios metabólicos.
Em entrevista ao quadro Saúde em pauta no programa Cidade em Pauta, da Rádio Nordeste FM, a nutróloga Dra. Aline Jardim voltou a falar sobre um tema que tem despertado atenção e polêmica: o uso das chamadas “canetinhas emagrecedoras”. Segundo ela, essas medicações, que têm apresentação em forma de caneta injetável, foram desenvolvidas inicialmente para o tratamento de diabetes, mas ganharam espaço no combate à obesidade e distúrbios metabólicos.
“Fizemos questão de voltar com esse assunto porque tem novidades e muitos pontos importantes que precisam ser esclarecidos à população”, afirmou a médica, destacando que essas medicações não devem ser vistas como solução milagrosa. “Muita gente procura essas canetas achando que vão resolver todos os problemas com uma única aplicação, mas isso é um erro grave. Elas não substituem mudança de hábitos.”
Popularmente conhecidas como canetinhas emagrecedoras, medicamentos como Saxenda, Ozempic, Wegovy e Mounjaro são análogos de GLP-1 — hormônio que age no controle da saciedade e da insulina.
“Elas auxiliam na perda de peso, mas são indicadas principalmente para tratar condições como diabetes tipo 2, obesidade e resistência à insulina”, explicou Dra. Aline.
Segundo ela, os resultados variam conforme o perfil de cada paciente. “É necessário acompanhamento para entender se ele será um bom respondedor, um respondedor lento, e qual dose é mais adequada. Não existe uma receita única que funcione para todos.”
A nutróloga destacou que o uso sem orientação pode acarretar riscos graves à saúde. A partir do dia 16 de junho, a Anvisa determinou que a venda desses medicamentos será feita somente com retenção de receita médica.
“É uma medida acertada e necessária. Assim como aconteceu com os antibióticos, é preciso evitar o uso indiscriminado. Já atendi pacientes que estavam usando essas canetas por conta própria, e ao realizar exames, descobrimos cálculos na vesícula – o que é uma contraindicação importante. O uso inadequado pode provocar pancreatite, que pode ser fatal”, alertou.
Além da litíase vesicular (cálculo na vesícula), pacientes com histórico de câncer medular de tireoide também devem evitar o uso.
“Essas medicações não são indicadas para todos. É comum encontrar mulheres obesas com esse tipo de problema, e a automedicação coloca essas pessoas em risco”, completou.
Dra. Aline enfatizou que as canetinhas não substituem alimentação adequada e prática de atividades físicas.
“Elas vêm para somar. Sozinhas, não resolvem. É preciso reorganizar a alimentação, ajustar o consumo de proteínas e evitar picos de glicemia, que aumentam a fome e a resistência à insulina”, afirmou.
A médica também comentou que há evidências científicas do uso dessas medicações em outras condições.
“Estudos recentes mostram efeitos positivos em pacientes com aterosclerose e colesterol elevado, mesmo que não sejam diabéticos nem obesos. A medicina avança, e os profissionais estão mais preparados para fazer esse tipo de prescrição com segurança.”
Os custos também são altos: uma caneta pode custar entre R$ 1.400 e R$ 1.800 por mês.
“É um tratamento de longo prazo. Não adianta usar por um mês e achar que está curado. Obesidade é uma doença crônica. O corpo sempre tenta voltar ao peso anterior. Por isso, o acompanhamento é fundamental”, reforçou.
Para quem deseja emagrecer com segurança, o primeiro passo, segundo a especialista, é procurar um médico qualificado.
“Precisamos avaliar a causa do ganho de peso, entender o metabolismo de cada um e, se necessário, usar medicações como parte de um plano de tratamento. O uso de fitoterápicos por conta própria também não resolve. Precisamos perder o medo de tratar a obesidade como ela é: uma doença.”
Dra. Aline finalizou com um alerta importante: “Não é porque o medicamento virou moda que ele serve para todos. Medicina não é modismo. Cada caso é único e deve ser tratado com ciência, responsabilidade e cuidado.”
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