‘Trump está incomodado com a importante posição que o Brasil tem hoje na geopolítica mundial’, diz Deyvid Bacelar
Atualmente, segundo ele, o Brasil é dependente da importação de combustíveis refinados dos EUA, mas as retaliações ao governo brasileiro obrigarão o governo a importar derivados de outros países.
A taxa de 50% imposta pelo presidente Donald Trump sobre os produtos brasileiros, incluindo o petróleo, pode afetar significativamente as exportações para os EUA e bloquear as importações de derivados refinados. Entre as principais consequências para o Brasil, estão a perda de competitividade no mercado norte-americano e a necessidade de se buscar novos mercados para o petróleo, aumentando a participação de países asiáticos, como a China.
“Trump diz em sua carta ao presidente Lula que foi motivado pelo julgamento de Bolsonaro, mas o real incômodo dele é com a nossa política econômica, com o fortalecimento dos BRICs e com a aproximação entre Brasil e China. Ou seja: trata-se de um ato de retaliação por conta da importante posição que o Brasil tem hoje na geopolítica mundial”, destacou o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Para Bacelar, o mais vergonhoso é que a direita brasileira é a única do mundo que apoia um presidente estrangeiro que ataca a soberania do nosso país. “Infelizmente, nem o exemplo do Canadá eles seguiram, onde a direita foi de encontro ao que Trump está fazendo com as taxações. A nossa soberania precisa ser defendida e o presidente Lula está correto com as posições que está tomando”, defendeu Bacelar.
Bacelar ironizou também a lógica típica dos bolsonaristas que prevalece no cérebro da extrema direita representada por Trump: “Querem diminuir a nossa presença no BRICs, mas acabam adotando medidas que nos obrigam a exportar petróleo para a China”, diz Bacelar. Segundo o dirigente da FUP, a relação entre os EUA e o Brasil no setor petrolífero sempre foi estratégica e mutuamente benéfica, com os EUA sendo o terceiro principal parceiro comercial do Brasil. “O setor de petróleo nos EUA não deve estar nada satisfeito com os atos inconsequentes que Donald Trump vem cometendo nas relações econômicas internacionais, que vão prejudicar bastante o povo norte-americano”, disse Bacelar.
Atualmente, segundo ele, o Brasil é dependente da importação de combustíveis refinados dos EUA, mas as retaliações ao governo brasileiro obrigarão o governo a importar derivados de outros países. Outro dado apresentado pelo sindicalista indica que os EUA são também um importante destino para as exportações brasileiras de petróleo e outros produtos. “Por esse ângulo, quem sairá perdendo são cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para os EUA. Haverá perdas econômicas e redução de empregos”, afirma Bacelar.
“É lamentável que um presidente falastrão esteja comprometendo uma relação econômica robusta e estratégica entre o Brasil e os EUA, ou seja, mais de 200 anos de parceria”, destacou o coordenador da FUP. O sindicalista avaliou também que, “se os Estados Unidos tivessem instituições democráticas sólidas como as do Brasil, o presidente Donald Trump seria preso por atentar contra a democracia em um julgamento semelhante ao do ex-presidente Jair Bolsonaro”.