Trem Salvador–Feira de Santana é homologado pela ANTT, e empresa baiana lidera implantação
Com a homologação da ANTT, o projeto entra agora em uma nova fase
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) homologou oficialmente a implantação do Trem Intercidades entre Salvador e Feira de Santana. O projeto, que vem sendo desenvolvido há mais de oito anos, será executado pela TIC Bahia Ltda, empresa feirense que teve sua proposta selecionada e aprovada. À frente do projeto está Danilo Silva, CEO e diretor técnico da empresa, que falou sobre a importância da conquista e os próximos passos.
“Esse é o coroamento de um processo longo de trabalho. Estamos muito felizes com o reconhecimento da ANTT pela homologação da nossa empresa como pleiteante em um processo de autorização ferroviária. Agora seguimos pelo mundo apresentando esse projeto e recebendo respostas extremamente positivas de investidores internacionais”, afirmou Danilo.
Segundo Danilo, a concepção do projeto surgiu a partir de uma análise logística da Bahia, especialmente do eixo Salvador–Feira de Santana.
“Salvador é praticamente uma península, com apenas uma grande saída pela BR-324. Quando pensamos em um modelo de transporte que desse conta de cargas e passageiros com eficiência, vimos a ferrovia como resposta ideal.”
A TIC Bahia defende que a ferrovia não apenas desafogará o trânsito rodoviário, como também possibilitará um redesenho da estratégia logística do Estado.
“A gente quer reconstruir e reestruturar toda a malha ferroviária da Bahia com tecnologia e serviços de qualidade. Estamos falando de trens com velocidades entre 160 e 200 km/h e viabilidade de expansão para além de Feira de Santana.”
Um dos pontos mais destacados por Danilo é a viabilidade econômica do projeto, comparando-o inclusive com o trecho Santos–São Paulo, considerado referência no setor.
“Só no trecho Salvador–Feira, temos 24 milhões de pessoas circulando anualmente. Se considerarmos ida e volta, são quase 50 milhões de viagens ao ano. Isso mostra o potencial e a viabilidade comercial da ferrovia.”
O retorno do investimento, segundo estudos da própria empresa, é expressivo. “Hoje, o projeto já projeta uma taxa de retorno de 11% ao ano, podendo ultrapassar 18% com a inclusão de cargas. Estamos falando de um projeto sólido, com várias frentes: transporte de passageiros, movimentação de contêineres, comercialização de créditos de carbono, shopping centers nas estações, operações imobiliárias, e até mesmo a proposta de um aeroporto conectado diretamente à ferrovia.”
De acordo com o CEO da TIC Bahia, o investimento necessário gira em torno de R$ 6,5 bilhões.
“Esse é o valor do nosso primeiro estudo técnico, que foi entregue à ANTT. O projeto inclui duas estações em Feira de Santana, uma em Salvador, além de paradas intermediárias em Candeias e em Conceição do Jacuípe, na região da BR-101.”
Danilo destaca que o traçado foi pensado para provocar uma transformação socioeconômica ao longo de todo o corredor ferroviário.
“Esse eixo Salvador–Feira tem tudo para se tornar o novo Eldorado do desenvolvimento no Brasil.”
Com a homologação da ANTT, o projeto entra agora em uma nova fase. “Dentro dos próximos 30 dias, começaremos as tratativas técnicas com a ANTT. Já tivemos conversas prévias com o Governo da Bahia, que recebeu muito bem o projeto, e agora vamos também dialogar com o Governo Federal.”
O Ministério dos Transportes deverá reconhecer oficialmente a relevância do projeto como política pública nacional. A partir dessa sinalização, será elaborado o contrato oficial e terá início o processo de licenciamento ambiental e elaboração do projeto básico, com previsão de início das obras em até três anos. Caso contrário, a autorização é revogada.
Danilo Silva fez questão de destacar o orgulho de liderar um projeto dessa magnitude a partir de Feira de Santana.
“Já dei entrevistas para veículos do Brasil inteiro, mas estar aqui, na minha cidade, e conversar com vocês é especial. Esse trem não é só um projeto de transporte, é uma vitória para Feira de Santana.”