Saúde

SUS passa a oferecer tratamento genético para crianças com atrofia muscular espinhal

Medicamento Zolgensma, que custa R$ 7 milhões na rede privada, será disponibilizado gratuitamente para bebês de até seis meses em 28 centros de referência pelo país

24/03/2025 07h34
SUS passa a oferecer tratamento genético para crianças com atrofia muscular espinhal
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A partir desta segunda-feira (24), crianças com atrofia muscular espinhal (AME) tipo 1, uma doença rara que afeta os movimentos e a respiração, terão acesso a um tratamento genético inovador e gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O governo passará a oferecer a terapia com o medicamento Zolgensma, que na rede particular custa, em média, R$ 7 milhões.

“É a primeira terapia gênica que está sendo introduzida no Sistema Único de Saúde. O SUS passa a fazer parte de um pequeno clube de cinco sistemas públicos nacionais no mundo a oferecerem esse medicamento para a sua população”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

A terapia é indicada para bebês de até seis meses que não necessitem de ventilação mecânica invasiva por mais de 16 horas diárias. Segundo o Ministério da Saúde, com essa incorporação, o SUS passa a disponibilizar todas as terapias modificadoras da AME tipo 1.

Dados do IBGE indicam que, entre os 2,8 milhões de brasileiros nascidos em 2023, aproximadamente 287 foram diagnosticados com a doença. O tratamento substitui a função de um gene ausente ou com falha, ajudando na produção de proteínas essenciais para os neurônios motores.

A aquisição do Zolgensma foi viabilizada por um acordo com a indústria farmacêutica, no qual o pagamento está condicionado aos resultados obtidos pelos pacientes. “Vai seguir de forma permanente a avaliação do desempenho do medicamento, da melhoria da vida dessa criança e da vida da família, com marcadores clínicos de avaliação, ao longo do tratamento”, explicou Padilha.

Como acessar o tratamento

Para iniciar a terapia, as famílias devem procurar um dos 28 serviços de referência para terapia gênica da AME, distribuídos em estados como Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará e Distrito Federal. Os pacientes passarão por triagem conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas estabelecido pelo governo. Além disso, um comitê de acompanhamento será formado para monitorar os resultados da terapia.

Antes dessa incorporação ao SUS, o medicamento já era fornecido pelo governo por meio de 161 ações judiciais.

O que é a AME?

A atrofia muscular espinhal é uma doença rara que impede a produção de uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores. Esses neurônios são responsáveis por movimentos voluntários vitais, como respirar, engolir e se locomover. A condição afeta menos de 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos.

No SUS, além do Zolgensma, pacientes com AME tipos 1 e 2 em outras faixas etárias são tratados com os medicamentos de uso contínuo nusinersena e risdiplam. Em 2024, esses tratamentos já tiveram mais de 800 prescrições emitidas.

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