Setor de borracha enfrenta crise com alta de importados, avalia presidente do Sindborracha
O dirigente destacou que a concorrência internacional tem reduzido a capacidade produtiva de empresas importantes instaladas em Feira de Santana.

O presidente do Sindborracha – Sindicato dos Borracheiros do Estado da Bahia, Oberdan Cerqueira, fez um balanço do ano e alertou para os desafios que o setor tem enfrentado diante do aumento de pneus importados no mercado brasileiro. Em entrevista ao De Olho na Cidade, ele detalhou as dificuldades do segmento, o impacto na produção local e as negociações realizadas com o governo federal.
“Nosso segmento está sofrendo algumas baixas porque está entrando muitos pneus importados”, afirmou. Segundo ele, a situação se agravou após o chamado “tarifaço” dos Estados Unidos, que elevou impostos sobre produtos importados, mas sem ainda apresentar respostas efetivas ao setor. Oberdan relatou que, em julho, esteve em Brasília em audiência com o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, além de representantes de sindicatos e empresas pneumáticas, para buscar soluções. “Não tivemos ainda um retorno. Acabou juntando uma coisa com a outra e nenhuma resposta veio”, lamentou.
O dirigente destacou que a concorrência internacional tem reduzido a capacidade produtiva de empresas importantes instaladas em Feira de Santana.
“Aqui mesmo a gente trabalha com a Pirelli, a Vipal Borrachas, mas as empresas não trabalham com toda a capacidade devido a esses pneus importados”, explicou.
Atualmente, o segmento emprega entre 2 mil e 2.200 trabalhadores no município. Para Oberdan, apesar das dificuldades, a categoria tem demonstrado consciência e unidade.
“Mesmo diante de toda turbulência, a gente vem tentando segurar os acordos e manter os direitos. Pelo menos não estamos perdendo”, pontuou.
Ele confirmou que o sindicato fechou recentemente o acordo coletivo para 2026 e 2027 com a Vipal Borrachas. Já a Pirelli possui acordo vigente para 2025 e 2026. “Pelo menos estamos assegurados”, disse.
Sobre a competição com indústrias estrangeiras, especialmente as chinesas, Oberdan foi direto: “Cada dia você tem que se reinventar. As empresas alegam que o custo daqui é mais caro, e por isso eles jogam muito pneu no mercado brasileiro.”
Ele também se mostrou preocupado com o futuro do setor: “Se a gente não se unir para buscar soluções, daqui a um dia vamos só receber pneus de fora. É preocupante.”







