Setor de bares e restaurantes reforça cuidados e tranquiliza consumidores após casos de intoxicação por metanol
Especialistas alertam sobre a importância de comprar bebidas de procedência confiável e de valorizar produtores certificados; em Feira de Santana, caso suspeito foi descartado.

Nos últimos dias, as notícias sobre casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas ganharam destaque nacional e acenderam um alerta entre consumidores e comerciantes. Embora não haja registro confirmado na Bahia, e o caso suspeito em Feira de Santana tenha sido descartado, o tema provocou preocupação no setor de bares e restaurantes da cidade.
Durante o programa Jornal do Meio Dia, da Rádio Princesa FM, o presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes de Feira de Santana (Sindfeira), Getúlio Andrade, e a mixologista e empresária Heloísa Lima, proprietária da Tchim-Tchim Casa de Drinks, falaram sobre o impacto das notícias e as medidas que devem ser tomadas para garantir a segurança no consumo de bebidas alcoólicas.
Getúlio Andrade destacou que, nos primeiros dias após a divulgação dos casos em São Paulo, houve uma forte queda nas vendas de bebidas destiladas.

“No primeiro momento, o impacto foi muito grande. O assunto envolve saúde pública e a vida das pessoas, então a preocupação foi imediata. Nas duas primeiras semanas, as vendas caíram bastante, mas agora o setor começa a se estabilizar”, afirmou.
Ele ressaltou que o caso suspeito em Feira de Santana não se confirmou, o que ajudou a acalmar o público.
“Felizmente, o caso aqui foi descartado, o que trouxe um pouco de tranquilidade. Ainda há ocorrências em outros estados, mas esperamos que tudo seja resolvido logo, porque, além da questão da saúde, há também o impacto econômico, empresas e empregos ficam em risco.”
O presidente do Sindfeira reforçou a importância da atuação dos órgãos fiscalizadores e do papel dos consumidores na hora da compra.
“O Ministério da Agricultura, a Anvisa e os órgãos municipais têm responsabilidade sobre a fiscalização. Mas a sociedade também precisa estar atenta. O consumidor deve priorizar casas que têm compromisso com a qualidade e com a procedência dos produtos”, pontuou.
A especialista em mixologia Heloísa Lima explicou que é possível identificar se uma bebida é original por meio de sinais visuais e do selo de procedência.

“Toda bebida alcoólica deve ter o selo fiscal, feito em papel moeda e emitido pela Casa da Moeda. Esse selo tem número de série e não pode ser falsificado com papel comum. O rótulo também precisa estar bem colado e sem erros de ortografia, isso não acontece em bebidas originais.”
Ela também orientou que os bares devem adquirir produtos apenas de fornecedores certificados e que armazenem as bebidas de forma adequada, protegidas do sol e, em alguns casos, sob refrigeração.
“O cliente tem direito de pedir para ver a garrafa. Os bares e restaurantes podem e devem mostrar o produto, até para reforçar a transparência. Existe inclusive uma cartilha da ABRABE (Associação Brasileira de Bebidas) com orientações para identificar falsificações”, lembrou.
Heloísa destacou ainda que crises como essa afetam de forma significativa os pequenos empreendedores e produtores da agricultura familiar.
“As cooperativas e pequenos produtores sofrem mais, porque têm menos capital para se recuperar. Mas é importante destacar que muitos deles são altamente fiscalizados e certificados, às vezes até mais que grandes marcas. Trabalhamos com produtos de origem orgânica e artesanal, com todo o cuidado e controle de qualidade.”
Segundo ela, valorizar esses produtores também é uma forma de garantir segurança e fortalecer a economia local.
“O consumidor pode preferir casas que trabalham com cooperativas e agricultura familiar. São produtos de excelente qualidade, produzidos em pequena escala, sem uso de químicos, e com procedência garantida.”
Os convidados reforçaram a importância de combater a desinformação e de promover o consumo responsável.
“É fundamental separar o joio do trigo, valorizar quem trabalha corretamente e reforçar o papel da informação segura”, destacou Getúlio Andrade.

Heloísa complementou com uma mensagem ao público: “O cliente pode e deve consumir com tranquilidade. Basta estar atento à procedência e confiar em estabelecimentos comprometidos. Brindar é um prazer, e ninguém merece fazer isso com medo.”






