Saúde

Setembro verde: Especialistas desmitificam mitos e verdades sobre doação de órgãos

Especialistas e estudantes de medicina discutem mitos, desafios e a importância da conscientização sobre a doação de órgãos

06/09/2024 20h03
Setembro verde: Especialistas desmitificam mitos e verdades sobre doação de órgãos

Em uma importante discussão sobre a conscientização e os mitos em torno da doação de órgãos, Lucas Gouveia, professor do curso de Medicina e orientador do grupo Heróis do Sangue da UNEX, juntamente com a enfermeira Aline Janaína, integrante da Central de Transplantes da Secretaria de Saúde da Bahia (SESAB), trouxeram informações detalhadas em entrevista ao programa De Olho na Cidade da Rádio Sociedade News. A entrevista ainda contou com a participação das estudantes de Medicina Gabriela Guimarães e Bianca Nogueira.

O professor Lucas Gouveia destacou a importância da conscientização: “Estamos aqui para trazer à população informações coerentes e transparentes. Queremos que esse assunto seja encarado de maneira positiva, para que não caiamos em desinformação ou fake news. Conscientizar é salvar vidas”, disse ele, reforçando a necessidade de discutir o tema de forma acessível e clara para toda a sociedade.

A enfermeira Aline Janaína abordou as principais dúvidas e mitos relacionados ao processo de doação de órgãos, como a deformidade corporal após a captação.

“O processo é realizado com todo o cuidado, sem deixar deformidades visíveis. É como uma cirurgia comum, respeitando a sensibilidade da família”, explicou Aline, ressaltando que um doador pode salvar até oito vidas.

Uma das questões mais recorrentes, segundo Aline, é a dúvida sobre a autorização da família. Apesar de o documento de identificação indicar o desejo de ser doador, a legislação atual ainda exige o consentimento familiar.

“Desde 2009, mesmo que a pessoa tenha se identificado como doador em vida, a família precisa concordar. É um direito que o familiar tem de decidir, e por isso é essencial conversar sobre o tema”, afirmou Aline.

A capacitação dos futuros médicos também foi tema abordado durante o programa. Gabriela Guimarães, estudante de Medicina, destacou a importância da preparação técnica e emocional para lidar com a doação de órgãos.

“Eu sempre quis ser doadora, mas não sabia que, como médica, teria que me capacitar para lidar com as famílias e confirmar a morte cerebral”, comentou Gabriela, evidenciando a necessidade de expandir o debate sobre o tema no ambiente acadêmico.

Bianca Nogueira, colega de Gabriela, também ressaltou o impacto da capacitação e a relevância de levar essa conscientização além das universidades.

“A doação de órgãos precisa ser discutida não apenas entre os profissionais de saúde, mas também com a comunidade”, disse ela, propondo que os estudantes assumam o papel de multiplicadores dessa conscientização.

Outro ponto relevante foi a atual situação das filas de transplante na Bahia. Aline Janaína trouxe dados preocupantes sobre o número de pacientes à espera de órgãos.

“A lista de espera por um rim, que é a maior, passou de 1.675 em 2023 para 1.878 em 2024. Já a fila por um fígado, embora menor, com 33 pacientes, envolve casos mais urgentes devido à gravidade das condições”, revelou a enfermeira.

Ela também reforçou a importância de dizer “sim” para a doação de córneas, que possui atualmente 1.525 pacientes aguardando transplantes. “É fundamental que mais pessoas se conscientizem sobre esse ato de amor e salvamento de vidas.”

O professor Lucas Gouveia, ao final, destacou a importância da parceria com o Hospital Geral Clériston Andrade no processo de formação dos estudantes.

“Nossos alunos já estão praticando o que discutimos em salas de aula em um hospital de alta e média complexidade, o que eleva o resultado dos tratamentos e beneficia toda a população feirense”, afirmou.

Concluindo a entrevista, Aline Janaína deixou um apelo ao público: “Conversem com suas famílias sobre a doação de órgãos. É um ato de amor que pode transformar a dor em esperança para muitas pessoas.”

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