Setembro Amarelo: Especialistas explicam a relação entre cirurgia plástica e saúde mental
Procedimentos estéticos crescem no Brasil, impulsionados por avanços médicos e maior busca por autoestima
No mês de setembro, conhecido como Setembro Amarelo, campanhas em todo o Brasil reforçam a importância da saúde mental, promovendo conscientização e valorização da vida. Para discutir a relação entre saúde mental e cirurgia plástica, o cirurgião plástico Dr. Marcus Marcel e a psicóloga Wagna Vitória destacaram a conexão entre autoestima e bem-estar emocional.
“Saúde, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), é um estado de bem-estar físico, psíquico e social. Logo, falar de saúde mental é falar de saúde como um todo”, destacou o Dr. Marcus. Ele ressaltou que muitos pacientes que buscam a cirurgia plástica o fazem com o objetivo de melhorar a autoestima, mas alerta sobre o cuidado necessário em identificar transtornos como o dismórfico. “É um transtorno onde a pessoa enxerga defeitos que não existem, e isso precisa ser tratado antes de qualquer intervenção estética.”
A psicóloga Wagna Vitória complementou, afirmando que o excesso de padrões estéticos irreais nas redes sociais contribui para o aumento desses transtornos.
“Hoje, com a influência das mídias sociais, muitas pessoas não se aceitam como são, o que pode levar a distúrbios alimentares, exagero em atividades físicas e outras complicações. Precisamos olhar para a saúde emocional dessas pessoas antes de qualquer procedimento.”
Sobre a importância de um acompanhamento interdisciplinar, Dr. Marcus enfatizou que, em casos de pacientes com problemas de saúde mental, é comum negar uma cirurgia e encaminhá-los para psicoterapia ou outras abordagens.
“Muitas vezes, o paciente acha que precisa de uma cirurgia plástica, mas, na verdade, ele precisa melhorar sua saúde mental antes. A parceria com profissionais como psicólogos, psiquiatras e até fisioterapeutas é essencial para uma avaliação completa.”
Wagna ressaltou que a atividade física é uma importante aliada da saúde mental. “A prática de exercícios físicos, principalmente em grupo, como beach tennis ou corrida, não só melhora a condição física, mas também promove interação social, o que é fundamental para a autoestima e bem-estar emocional.”
Durante a conversa, ambos os especialistas trouxeram à tona dados alarmantes sobre o suicídio, que reforçam a relevância do Setembro Amarelo.
“A cada 45 minutos, uma pessoa morre por suicídio no Brasil, e para cada morte, 20 pessoas tentam se suicidar. Precisamos falar sobre isso, e o lema da campanha deste ano é claro: ‘Se precisar, peça ajuda’. Esse é um tema que deve ser discutido durante todo o ano, e não apenas em setembro”, lembrou o Dr. Marcus.
Wagna concluiu a entrevista destacando sinais que indicam a necessidade de ajuda psicológica: “Isolamento social, alterações alimentares e mudanças abruptas no comportamento podem ser sinais de que algo não está bem. Se perceberem esses indícios, é hora de procurar apoio.”
Valorização da vida e saúde mental devem caminhar juntas. Se precisar, peça ajuda. Ligue 188 e encontre apoio no Centro de Valorização da Vida (CVV).