Saúde menstrual: Ginecologista dá dicas que podem transformar a saúde feminina
Dra. Márcia Suely abordou a importância do conhecimento sobre o ciclo menstrual
A ginecologista Dra. Márcia Suely trouxe esclarecimentos essenciais sobre saúde menstrual em sua participação no programa Cidade em Pauta, transmitido pela Rádio Nordeste FM. Durante a conversa ela abordou a importância do conhecimento sobre o ciclo menstrual e desmistificou diversos mitos que ainda cercam o tema.
“A saúde menstrual é um conjunto de práticas e conhecimentos sobre a menstruação, algo tão comum, mas ainda rodeado de tabus. Entender o que é normal ajuda as mulheres a identificarem possíveis problemas e promove não só bem-estar físico, mas também mental”, explicou Dra. Márcia.
Um dos pontos centrais da discussão foram os mitos que ainda persistem. Dra. Márcia destacou que muitos têm raízes históricas, como a ideia de que a menstruação é algo impuro, uma visão que remonta a épocas antigas.
“Ainda hoje, 80% das mulheres consideram a menstruação nojenta, mas é importante entender que se trata de uma secreção normal do corpo, sem nada de sujo ou perigoso”, esclareceu.
Ela também abordou crenças como a de que não se pode lavar o cabelo durante o ciclo ou que andar descalça pode piorar as cólicas. “Isso é mito! Não há nenhum fundamento científico que comprove essas ideias”, afirmou.
Outro mito comum é o de que mulheres não podem praticar atividades físicas enquanto menstruadas. Segundo Dra. Márcia, é exatamente o contrário.
“A atividade física ajuda a reduzir o fluxo menstrual e as cólicas. É algo que eu recomendo, principalmente para quem tem cólicas mais intensas”, reforçou.
A médica também esclareceu um ponto que costuma causar confusão: a possibilidade de engravidar durante a menstruação.
“É mito acreditar que não se pode engravidar nesse período. Mulheres com ciclos mais curtos ou fluxo mais intenso podem sim ovular ainda menstruadas. Portanto, o cuidado deve ser mantido”, alertou.
Sobre a famosa TPM, Dra. Márcia explicou que o chocolate pode, de fato, ajudar a aliviar os sintomas, graças ao triptofano, que estimula a produção de serotonina.
“Não é à toa que muitas mulheres sentem vontade de comer chocolate nesse período”, comentou com bom humor.
Ela também destacou como a menstruação pode impactar a produtividade no trabalho ou na escola.
“É um período complicado para a mulher. Cólica, indisposição e irritabilidade podem reduzir o rendimento, mas isso não significa incapacidade. É uma questão de compreender e respeitar o corpo”, ponderou.
Cuidados básicos e dignidade menstrual
Dra. Márcia aproveitou para ressaltar a importância da higiene durante o ciclo menstrual. “O absorvente deve ser trocado a cada quatro horas para evitar problemas de saúde. É uma questão básica, mas ainda desconhecida por muitas”, explicou.
Ela também enfatizou a necessidade de dignidade menstrual. “Falar sobre isso abertamente é essencial. Muitas mulheres ainda enfrentam dificuldades para lidar com esse período de forma confortável e segura, o que reforça a urgência de discutirmos saúde menstrual de maneira ampla e sem preconceitos.”
A médica destacou que hábitos saudáveis, como sono regulado, redução de estresse, prática de atividades físicas e uma dieta rica em nutrientes como ferro, magnésio e ômega-3, podem melhorar significativamente o ciclo menstrual.
“Mulheres que têm uma alimentação balanceada e praticam exercícios, como musculação ou atividades aeróbicas, frequentemente apresentam menos cólicas e um fluxo menstrual mais equilibrado. Isso reduz a TPM e melhora o humor”, afirmou.
A Dra. Márcia desmistificou mitos relacionados à alimentação, como o consumo de ovos e abacaxi durante o ciclo. “São alimentos ricos em nutrientes que ajudam na saúde menstrual, ao contrário do que muitos acreditam”, esclareceu.
Outro tema abordado foi o impacto do programa Dignidade Menstrual, do Governo Federal, que visa fornecer absorventes a mulheres em situação de vulnerabilidade, especialmente estudantes, para reduzir a evasão escolar durante o período menstrual.
“O programa é essencial para garantir dignidade às mulheres e meninas que não têm acesso a produtos menstruais, mas ainda enfrenta desafios, como burocracia e recursos insuficientes para atender a todas as necessitadas”, pontuou.