As dificuldades da Geração Z no mercado de trabalho foram tema de uma roda de conversa realizada nesta segunda-feira (18), com a participação das psicólogas Kátia Gomes e Julinda Cardoso, além do empresário Pedro Ribeiro, mediada pelo jornalista Jorge Bianchi, no Jornal do Meio Dia da Rádio Princesa FM.

A discussão trouxe reflexões sobre os jovens nascidos entre 1997 e 2012, hoje com idades entre 13 e 28 anos, e os principais obstáculos que enfrentam para se manter empregados. Uma pesquisa internacional recente apontou que seis em cada dez companhias demitiram recém-formados em 2024 por desempenho insatisfatório, e uma em cada sete empresas já evita contratar profissionais recém-saídos da faculdade.

Para Kátia Gomes, psicóloga clínica e empresarial, o debate é essencial para aproximar gerações e encontrar formas de convivência saudável no ambiente de trabalho.

“A Geração Z traz uma individualidade muito forte, o desejo de entender o propósito do que está fazendo. Isso choca com gerações anteriores, mas é também um convite para empresas criarem estratégias de retenção, acompanhamento e incentivo”, destacou.

Ela ressaltou ainda que empresas que não pensarem em saúde, bem-estar e inovação na gestão de pessoas “têm uma tendência muito grande a não dar certo”.

A psicóloga clínica e hospitalar Julinda Cardoso lembrou que a pandemia acentuou os efeitos do isolamento e da vida digital, afetando a socialização e habilidades exigidas pelo mercado.

“A Geração Z é nativa digital, mas muitas vezes carece de habilidades sociais essenciais. O mundo do trabalho exige etiqueta, comunicação e trabalho em equipe, e esse choque pode gerar ansiedade e depressão nos jovens”, afirmou.

Ela ponderou, porém, que os jovens também trazem uma contribuição importante:

“Essa geração nos provoca a pensar em ambientes de trabalho mais saudáveis, com propósito e qualidade de vida, o que gera um equilíbrio necessário.”

O empresário Pedro Ribeiro, de 22 anos, representou a própria geração no debate. Ele reforçou que não se deve justificar falhas apenas com base na idade ou contexto, mas sim buscar diálogo entre gerações.

“Não existe geração melhor que a outra. A experiência dos mais velhos precisa se encontrar com as ideias dos mais novos. Muitas vezes, boas ideias são ignoradas pela liderança. Precisamos de espaço para mostrar que podemos contribuir”, defendeu.

Pedro também deixou um conselho aos jovens que têm dificuldade de ingressar ou se manter no mercado:

“O segredo é ter disposição. Nada acontece do dia para a noite, é preciso traçar um caminho, sem perder a vontade de aprender.”

O debate mostrou que, embora a Geração Z enfrente desafios como ansiedade, impaciência e dificuldade de adaptação a ambientes tradicionais, também carrega consigo uma visão inovadora e um desejo por propósito que podem transformar positivamente as relações de trabalho.

“É preciso paciência, clareza e humildade para aprender, mas também cabe às empresas repensar suas práticas para reter e valorizar esses jovens”, resumiu Julinda Cardoso.