Roda de conversa debate o futuro do bolsonarismo após prisão e inelegibilidade de Bolsonaro
Direita tenta se reorganizar para 2026

Mesmo preso e inelegível, Jair Bolsonaro continua sendo um dos maiores fatores de influência na política brasileira. Essa foi a principal conclusão dos analistas convidados para um debate sobre as eleições de 2026, que reuniu o radialista Dilson Barbosa, o economista e comentarista político Amarildo Gomes, o empresário Ricardo Bomtrigo e o jornalista e escritor Glauco Wanderley.
O grupo avalia que a direita permanece com forte capital eleitoral, mas enfrenta dificuldades para definir uma nova liderança capaz de transformar esse potencial em vitória.
Dilson Barbosa iniciou analisando o impacto da prisão do ex-presidente e a narrativa construída pela militância de direita.
“Há juristas que defendem que Bolsonaro não poderia ser julgado pelo STF, porque os supostos crimes teriam sido cometidos quando ele não estava mais no cargo. Essa discussão jurídica é combustível para quem defende que ele é um preso político.”
Dilson classificou o movimento da direita como organizado, fiel e resiliente.
“O bolsonarismo não morreu. Continua vivo, talvez com poder diminuído, mas muito influente por muitos anos.”
Ele também destacou que a ausência de Bolsonaro no pleito não elimina seu poder de decisão: “Boa parte da direita só se move com a benção dele.”
Para Ricardo Bomtrigo, a direita brasileira enfrenta sua maior crise desde 2018: falta de unidade.
“A Suprema Corte hoje é majoritariamente indicada por governos de esquerda. Isso alimenta a retórica de perseguição e reforça a coesão do grupo, mas não define quem liderará a sucessão.”
Ricardo avalia que os filhos de Bolsonaro não têm força para ocupar esse posto:l.
“Dificilmente algum deles terá capacidade de preservar o capital político do pai.”
Ele cita ainda erros estratégicos, como o desgaste diplomático causado por declarações de Eduardo Bolsonaro.
O economista Amarildo Gomes foi enfático sobre o peso eleitoral do ex-presidente.
“É difícil imaginar a direita chegando ao governo sem o apoio dele. O nome que vier sem a chancela de Bolsonaro corre o risco real de não ir ao segundo turno.”
Amarildo, contudo, vê um nome pronto para assumir a dianteira: “Tarcísio de Freitas é o nome mais forte da direita hoje: governa São Paulo, tem boa aprovação, imagem técnica e é jovem. Mas não sabemos até onde ele quer se comprometer.”
Ele descarta estratégia centrada na família: “Se o candidato for alguém da família Bolsonaro, a direita perde.”
O debate também abordou a movimentação recente de Flávio Bolsonaro, que sugeriu disposição para liderar uma candidatura após afirmar que o pai continuava sendo perseguido politicamente.
Para Glauco Wanderley, essa posição revela tentativa de blindar o legado do ex-presidente.
“A família quer manter o controle do movimento. Nenhum aliado pode subir demais.”
Glauco argumenta que Bolsonaro não tem pressa em definir seu sucessor.
“Ele vai empurrar essa decisão o mais próximo possível das eleições. Isso mantém todos dependentes dele.”
Também citada no debate, Michelle Bolsonaro aparece como símbolo de pureza moral dentro do movimento evangélico, mas seu nome enfrenta limites como:
- falta experiência administrativa
- rejeição fora do público conservador
- perfil considerado imprevisível
Ainda assim, conforme avalia Ricardo: “Michelle pode ser trunfo para o segundo turno, como vice ou puxadora do eleitorado mais fiel.”
“A pergunta não é se a direita vai ao segundo turno. A pergunta é quem vai conseguir chegar lá.” Afirma Glauco Wanderley
Para o comentarista, a direita tem três caminhos possíveis para 2026:
- Tarcísio de Freitas como candidato de unidade
- Fragmentação entre Romeu Zema, Ratinho Jr. e outros
- Candidatura da família Bolsonaro
Os analistas concordam: enquanto Bolsonaro permanecer como o único líder reconhecido do movimento, a disputa interna continuará travada.
“Bolsonaro está preso, mas o bolsonarismo continua nas ruas.” Disse Dilson Barbosa.







