“Risco de infarto cresce 30% após a menopausa”, alerta cardiologista
Com o envelhecimento da população e a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, a atenção à saúde cardiovascular feminina torna-se cada vez mais necessária.
O risco de doenças cardiovasculares em mulheres aumenta significativamente após os 40 anos, especialmente depois dos 50, quando a menopausa começa a fazer parte da realidade de muitas delas. “Após a menopausa, há um crescimento de 30% nos casos de infarto e cirurgias cardíacas em mulheres”, afirma o cardiologista Dr. Cláudio Rocha, em entrevista ao quadro Momento IDM Cardio.
Dr. Cláudio explicou que, durante a vida reprodutiva, o estrogênio, hormônio feminino, atua como um protetor natural do coração, reduzindo o risco de doenças cardiovasculares.
“O estrogênio protege os vasos sanguíneos e as artérias, por isso, antes da menopausa, as mulheres têm menos chances de sofrer infartos do que os homens. Mas, após a menopausa, esse risco se iguala ou até supera o dos homens”, destacou o médico.
Ele também apontou que fatores como tabagismo, aumento do consumo de álcool, carga excessiva de trabalho e a falta de atividades físicas têm contribuído para o aumento dos problemas cardíacos entre as mulheres mais jovens.
“As mulheres estão fumando e bebendo mais, além de terem uma rotina mais estressante e com menos tempo para praticar exercícios. Esses hábitos vão refletir no pós-menopausa, agravando os riscos de infarto e AVC”, alertou Dr. Cláudio.
Apesar de a reposição hormonal ser uma opção para aliviar os sintomas da menopausa, como calores, palpitações e sudorese, Dr. Cláudio enfatizou que essa terapia deve ser administrada com cautela.
“A terapia hormonal deve ser indicada pelo médico e acompanhada por exames cardiovasculares. Ela pode aumentar o risco de AVC e trombose em algumas mulheres”, disse.
Para mulheres até os 59 anos, estudos mostram que a reposição hormonal pode ser benéfica sem aumentar o risco cardiovascular.
“Mas, após essa idade, os riscos podem aumentar, especialmente para quem já tem histórico familiar ou pessoal de doenças cardíacas”, acrescentou.
Segundo Dr. Cláudio, a melhor forma de prevenir problemas cardiovasculares, especialmente na menopausa, é adotar um estilo de vida saudável, com foco em alimentação equilibrada, prática regular de exercícios físicos, controle do estresse e, claro, acompanhamento médico regular.
“A hipertensão, o colesterol elevado e o tabagismo são os maiores vilões das doenças cardiovasculares. A boa notícia é que esses fatores podem ser controlados com mudanças nos hábitos diários”, afirmou.
Ele também mencionou a importância de se prestar atenção à história familiar de doenças cardíacas, já que mulheres com parentes próximos que sofreram infarto ou AVC têm maior risco de desenvolver problemas semelhantes.
“A história familiar é um fator determinante para o risco cardiovascular, por isso deve ser levada muito a sério”, alertou.
Dr. Cláudio trouxe à tona um caso recente que ilustra bem a vulnerabilidade feminina a doenças do coração.
“Atendi uma paciente de 43 anos com sintomas de infarto, mas o diagnóstico foi de síndrome do coração partido, uma condição desencadeada por estresse intenso, muito mais comum em mulheres”, relatou. Essa condição, chamada tecnicamente de cardiopatia de Takotsubo, é uma resposta do corpo a eventos emocionais fortes, como a perda de um ente querido ou grande pressão no trabalho, que pode simular um infarto.
Para finalizar, o médico compartilhou um dado surpreendente: mulheres que praticam atividades físicas regularmente podem reduzir o risco de doenças cardiovasculares em até 33%, enquanto os homens que fazem o mesmo reduzem esse risco em 11%.
“A prática de exercícios é fundamental, especialmente para as mulheres, pois os benefícios são ainda mais expressivos para elas”, concluiu Dr. Cláudio Rocha.