Representatividade feminina na museologia: Museóloga do Observatório Antares fala sobre desafios da área
Com uma carreira voltada à preservação do patrimônio cultural, Lise destaca a importância da área e a necessidade de maior reconhecimento para a profissão.
Em celebração ao mês da mulher, a museóloga Lise Marcelino Souza, do Observatório Antares, compartilhou sua história e desafios profissionais. Com uma carreira voltada à preservação do patrimônio cultural, Lise destaca a importância da área e a necessidade de maior reconhecimento para a profissão.
A paixão pela museologia surgiu de maneira inesperada. “Eu não nasci querendo ser museóloga. Eu tinha muita vontade de ser professora de história, mas meu pai, que sempre incentivou meus estudos, trouxe uma nota de jornal sobre a abertura de uma nova universidade, a UFRB, com cursos de Comunicação, Museologia e História. Como eu já ia fazer História em outra instituição, optei pela Museologia, que era uma área próxima”, relatou.
A museóloga explica que sua atuação vai além dos museus. “Não trabalhamos apenas dentro dos museus, mas também com a preservação do patrimônio cultural em diversas áreas. No Observatório Antares, minha função é preservar o patrimônio científico e tecnológico, organizando exposições e documentando o acervo”, explicou.
O mercado de trabalho para museólogos, segundo Lise, tem desafios. “Tivemos um período de muitos concursos, principalmente com o surgimento do Instituto Brasileiro de Museologia. No entanto, no setor privado, as oportunidades são mais escassas, tornando os concursos a principal porta de entrada na área.”
A especialista também compartilhou experiências com escavações arqueológicas.
“Na universidade, tive contato com a Arqueologia e participei do mapeamento de sítios arqueológicos em Cachoeira e São Félix. Depois, atuei em escavações na Chapada Diamantina e trabalhei em projetos para identificação de patrimônios históricos antes da construção de estradas. Recentemente, em Camamu, uma estrada foi desviada porque encontraram restos de uma igreja antiga.”
Sobre a representatividade feminina, Lise destaca avanços na museologia. “Desde a criação do primeiro curso na Unirio, a maioria dos estudantes são mulheres. Nossa presença é muito forte na área.”
Entretanto, a profissão ainda carece de reconhecimento. “Muitas pessoas não sabem o que um museólogo faz. No início do curso, me perguntavam que instrumento eu tocava, achando que a museologia tinha relação com música. Isso gera incômodo, pois queremos mais reconhecimento pelo nosso trabalho.”
A falta de políticas públicas e o pouco hábito da população em frequentar museus também são desafios.
“Nosso maior público no Observatório Antares são estudantes, pois as famílias não têm o costume de visitar museus. Fazemos eventos como o ‘Sábado no Museu’ para atrair o público, mas ainda há muito a ser feito para ampliar essa cultura.”
O Observatório Antares funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 11h e das 14h às 16h, com observações noturnas às quintas-feiras.
“Esta semana teremos observação na quinta-feira, das 18h30 às 20h. Quem quiser participar, é só acessar nosso Instagram e se inscrever pelo link na bio”, convidou Lise.
A museóloga encerrou com um conselho para quem deseja seguir a carreira. “Se você gosta de patrimônio e história, a museologia é uma opção. A maioria dos cursos está em universidades públicas, e é uma área cheia de possibilidades.”