Saúde

Reposição hormonal: Cardiologista explica riscos e benefícios para o coração

Para as mulheres que consideram essa terapia, a orientação profissional e uma abordagem individualizada são fundamentais para equilibrar os benefícios e os riscos envolvidos.

29/07/2024 10h35
Reposição hormonal: Cardiologista explica riscos e benefícios para o coração

A reposição hormonal, uma prática médica amplamente debatida desde a década de 1980, continua a gerar controvérsias, especialmente quando se trata da sua influência sobre a saúde cardiovascular das mulheres. Segundo o cardiologista Dr. Israel Reis, historicamente, a reposição hormonal foi vista como uma forma de proteção contra doenças cardiovasculares em mulheres.

“Na década de 80 e 90, havia uma crença de que a reposição hormonal poderia proteger as mulheres contra infarto e AVC devido ao estrógeno, o hormônio feminino produzido pelos ovários, no entanto, estudos mais recentes têm mostrado que a realidade é mais complexa.”

Dr. Israel destacou que as mulheres tendem a desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto e AVC, cerca de dez anos após os homens.

“Isso é explicado, em parte, pela proteção hormonal que as mulheres têm antes da menopausa. A queda dos níveis de estrógeno na menopausa está associada ao aumento do risco cardiovascular”, disse ele.

A menopausa, que marca o fim da fase reprodutiva da mulher, vem acompanhada por uma série de mudanças, como a elevação do colesterol LDL, aumento do ganho de gordura corporal e maior risco de doenças cardíacas. Dr. Israel observou que, além dessas alterações metabólicas, as mulheres na menopausa frequentemente experimentam um aumento na ansiedade e depressão, fatores que também contribuem para o risco cardiovascular.

Sobre a reposição hormonal, o cardiologista esclareceu que sua indicação deve ser cuidadosamente avaliada.

“Nem toda mulher na menopausa precisa de reposição hormonal. A terapia é recomendada principalmente para melhorar a qualidade de vida, aliviando sintomas como ondas de calor e secura vaginal. No entanto, não está indicada para proteção contra infarto e AVC”, afirmou.

O cardiologista explicou que há contraindicações claras para a reposição hormonal. Mulheres que já tiveram infarto, AVC, ou câncer de mama, bem como aquelas com histórico de trombose, devem evitar a terapia. Além disso, mulheres com fatores de risco cardiovascular elevados, como hipertensão não controlada, também devem ser cautelosas.

“Pacientes com hipertensão mal controlada, por exemplo, precisam primeiro ter sua pressão controlada antes de considerar a reposição hormonal. É essencial que haja uma colaboração estreita entre cardiologistas e ginecologistas para garantir uma abordagem segura e eficaz.”

A escolha da forma de administração da reposição hormonal também pode impactar a segurança do tratamento. Dr. Israel mencionou que a via transdérmica (adesivos ou cremes) pode ser mais segura do que a administração oral.

“Iniciar a terapia logo após o início dos sintomas da menopausa pode ser mais benéfico, enquanto iniciar a terapia anos após o início da menopausa pode não trazer os mesmos benefícios e até aumentar os riscos”, explicou.

Dr. Israel concluiu ressaltando a importância de uma avaliação personalizada e do monitoramento contínuo.

“A interação entre cardiologistas, ginecologistas e endocrinologistas é crucial para determinar o melhor tratamento para cada paciente. A reposição hormonal deve ser realizada com cuidado e apenas quando realmente indicado”, afirmou.

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