No quadro Hora do Empreendedorismo, o programa Jornal do Meio Dia recebeu o contador Mauro Ricardo, do escritório Contas Contabilidade, para esclarecer dúvidas sobre dois temas que têm preocupado o setor produtivo: a Reforma Tributária e a Reforma da Renda. Segundo ele, apesar da complexidade das mudanças, é essencial que os empresários se informem e busquem orientação técnica para evitar prejuízos.

Mauro explicou que as duas reformas são distintas e entram em vigor em momentos diferentes.

“A Reforma Tributária veio com a lei complementar 214/2025 e já está regulamentada. Já a Reforma da Renda foi aprovada no fim de novembro e traz mudanças importantes no Imposto de Renda”, detalhou.

Entre as novidades, Mauro destacou a ampliação da isenção para pessoas físicas.

“A Reforma da Renda trouxe isenção total para quem ganha até R$ 5 mil. Quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350 terá redução no imposto”, disse.

Para compensar essa desoneração, o governo criou uma nova tributação sobre altas rendas.

“Empresários que recebem lucros acima de R$ 50 mil por mês vão sofrer retenção de 10%. Isso não existia antes”, afirmou o contador.

Ele explicou que quem possui pró-labore de até R$ 5 mil permanecerá isento. Já a distribuição de lucros seguirá sem imposto até o limite de R$ 50 mil mensais. Acima disso, haverá retenção.

Mauro alertou que muitos empresários nem sabem que têm valores acumulados a título de lucros na empresa.

“Muitos deixam o dinheiro na conta da empresa sem entender que aquilo é lucro acumulado. Com a nova regra, é importante levantar esses saldos para decidir como distribuí-los antes de 31 de dezembro de 2025, evitando a tributação futura”, orientou.

Segundo Mauro, apenas cerca de 20% dos clientes demonstram preocupação com as reformas.

“Muita gente acha que o contador resolve tudo. Estamos fazendo palestras para preparar os empresários para esse novo momento”, relatou.

A Reforma Tributária, por sua vez, começa a valer em 2027, alterando completamente a forma de calcular impostos.

“Hoje o preço é por dentro. Com a reforma, será por fora. Uma blusa de R$ 200, por exemplo, vai mostrar o imposto separado. Isso significa aumento de preços para o consumidor”, explicou.

Ele destacou que pequenas empresas do Simples Nacional precisam observar quem são seus clientes.

“Se o cliente é pessoa física, o impacto é menor. Mas se vende para empresas que não são do Simples, pode perder competitividade, porque essas empresas vão preferir fornecedores que gerem crédito tributário”, pontuou.

O contador lembrou que o Simples Nacional não é sempre a opção mais vantajosa.

“Não é porque é simples que é melhor. Depende da atividade e da carga de impostos. Em alguns casos, uma empresa no lucro presumido paga menos que no Simples”, exemplificou.

Mauro deixou um recado direto aos empreendedores:
“A Reforma Tributária é complexa. Procurem seus contadores, analisem sua atividade, seu regime tributário, seus clientes e fornecedores. O ano de 2026 será para diagnóstico e ajustes, para que em 2027 o impacto seja menor”, aconselhou.

Ele reforçou que o período de transição deve ser aproveitado para reorganizar processos e entender como a nova tributação afetará cada negócio: “É um ano para estudar, se preparar e não ser pego de surpresa. Quem planejar agora vai dormir mais tranquilo”, concluiu.

Mauro reconheceu o esforço das equipes de contabilidade em acompanhar diariamente as mudanças:
“A legislação muda o tempo todo, mas nossa missão é manter os empresários bem informados e preparados para esse novo cenário”, disse.