Rede de proteção encoraja mulheres a romperem o silêncio
Mais de 80% das queixas são de violência psicológica
Nesta semana duas mulheres foram encaminhadas para uma casa de acolhimento regional. A identidade delas é preservada, assim como é mantido em sigilo o local onde vão passar os próximos dias. São vítimas de atitudes cruéis dos respectivos companheiros, estão em situação de violência, ameaça e risco de morte.
Diariamente relatos semelhantes chegam à Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres de Feira de Santana e ao Centro de Referência Maria Quitéria, porta de entrada para a rede de assistência e acolhimento para as vítimas da violência que, geralmente, é cometida dentro de casa pelo companheiro.
“A maior demanda é de mulheres que sofrem da violência psicológica. Mais de 80% delas sofrem com isso e muitas vezes não percebem”, afirma Josailma Ferreira, chefe da Divisão de Promoção dos Direitos da Mulher.
Nesta quinta-feira, 11, representantes dos órgãos que compõem essa rede se reuniram para fortalecer ainda mais esse trabalho no município. O encontro ocorreu na Secretaria de Políticas para as Mulheres e integra a programação do Agosto Lilás.
“Quando a rede é bem estruturada, com cada órgão trabalhando dentro da sua competência e se comunicando de forma harmoniosa, a mulher que vive a violência na invisibilidade se sente encorajada em denunciar. Ela percebe que não está sozinha, uma vez que terá o amparo psicológico, emocional e financeiro para se sentir fortalecida para sair desse ciclo da violência”, salienta Josailma.
A secretária da Mulher, Gerusa Sampaio, reforçou que enfrentar a violência doméstica é encorajar a mulher para quebrar o silêncio. Para isso, o município possui uma “rede integrada e fortalecida. Somos referência pois trabalhamos de forma sincronizada e em sintonia”.
Para procurar o serviço não é necessário prestar o boletim de ocorrência. Pode ir até a Secretaria da Mulher, onde será recebida por uma equipe multidisciplinar (psicólogo, assistente social, orientação jurídica) que fará a escuta. Daí será identificada as demandas dessa mulher e ela será referenciada.
MARIA DA PENHA
A operação Ronda Maria da Penha é mais um equipamento da rede de proteção à mulher que consiste em um agrupamento da Polícia Militar especializado no enfrentamento e atua na fiscalização do cumprimento das medidas protetivas de urgência.
Atualmente são 176 mulheres acompanhadas em locais, dias e horários que ela indica. Diariamente são visitadas dez mulheres para que não haja esse descumprimento.
“Ficamos atentos e quando a situação é mais grave aumentamos a vigilância”, enfatiza a tenente Renata Martins, coordenadora da Ronda Maria da Penha.
Participaram da reunião representantes de movimentos sociais, organizações comunitárias, da Delegacia Especializada em Assistência à Mulher (DEAM), Promotoria de Justiça e Ronda Maria da Penha.
*Secom