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Qual o verdadeiro significado do Natal?

Entenda origem e história da data

24/12/2022 07h43
Qual o verdadeiro significado do Natal?

O Natal é uma das datas mais importantes para os cristãos. Ao lado da Páscoa, a celebração tem Jesus como ponto central. Se na Páscoa celebra-se a ressurreição de Cristo, no Natal a memória é em relação ao nascimento.

“Do ponto de vista bíblico o nascimento de Jesus significa a entrada de Deus na essência humana. A expressão clássica é ‘o verbo se fez carne’. Então, significa a manifestação de Deus em carne humana, para que os homens pudessem compreendê-lo melhor. A Bíblia não diz que ‘o Natal é isso’, apenas que Jesus nasceu. Para a fé cristã, é que Deus veio habitar entre os homens, tornou-se um igual aos homens”, explica Gerson Leite de Moraes, pastor e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

“O Natal não é a celebração do aniversário de Jesus, mas onde os cristãos são chamados a refletir sobre a encarnação de Jesus”, completa Felipe Cosme Damião Sobrinho, padre e professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.

Data era de festa romana

Se o Natal celebra o nascimento de Jesus e a data é 25 de dezembro, parece lógico concluir que Cristo nasceu neste dia, certo? Errado.

“Sabemos que não existe nenhuma informação clara nas escrituras sobre o nascimento de Jesus. Em algumas tradições antigas, o nascimento de Jesus teria acontecido em Nazaré. É importante enfatizar que Jesus não nasceu em 25 de dezembro”, aponta Fernando Ripoli, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo.

De onde, então, surgiu a relação entre Natal e 25 de dezembro?

“A origem é uma festa pagã que foi cristianizada. A data de 25 de dezembro se tornou simbólica para que a gente celebre a encarnação de Jesus”, afirma Sobrinho.

“A data é por causa do solstício de inverno, que é celebrado na Europa. Os romanos celebravam isso. Essa festa celebrando o Deus Sol foi cristianizada. Quem é o Sol, a luz que nunca se apaga? Jesus Cristo”, completa o padre e professor da PUC-SP.

O Natal, já direcionado ao cristianismo, passou a integrar o calendário no dia 25 de dezembro por volta do ano 350.

Natal, hoje, tem peso comercial

A troca de presentes e o comércio de itens natalinos para enfeitar a casa é algo corriqueiro em shoppings e lojas de rua em praticamente todas as cidades do mundo. Para os religiosos, isso é sinal de que a celebração natalina ganhou ares majoritariamente comerciais.

“O Natal como conhecemos hoje está muito associado a um dia e muito em função de um calendário comercial. E isso também é um ressignificado que o mundo moderno deu a uma tradição que o cristianismo havia ressignificado lá atrás”, conta Moraes.

“Vejo o significado do Natal, independentemente de alguém ter religião, como uma mensagem de amor e aproximação ao próximo. Tem sentido familiar. E ainda que Jesus não nasceu em 25 de dezembro, as pessoas se lembram deste fato que foi inserido. E isso no mundo inteiro. Lógico que é utilizado como sinônimo do comércio, mas é um momento de reflexão e de pensarmos no próximo segundo a mensagem de Jesus”, afirma Ripoli.

Para outras religiões, Natal é tempo de alegria e confraternização

Muçulmanos, judeus e budistas não comemoram o Natal dentro de suas religiões. Mas, inseridos em um país em que a maioria da população seja católica ou evangélica – ambas linhas dentro do cristianismo -, é impossível “fugir” do tempo natalino.

“Os muçulmanos não celebram o Natal, mas sentem os efeitos positivos, que são contemplados pelos valores sócio-culturais, que o Natal gera nas nossas sociedades. Hoje em dia, vale ressaltar, as famílias são religiosamente híbridas. Há cristãos, judeus, muçulmanos? e se estabelecem entre eles relações matrimoniais sem esquecer as outras religiões. E dividimos momentos de alegria, felicidade e amor”, afirma o sheik Ali Momade, autoridade religiosa da Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil)

“Não é uma data judaica e a maioria dos judeus mora em países de maioria cristã, então, não passa despercebida. O judeu sabe viver, inclusive como minoria que é, em diálogo constante com essa maioria. Se a maioria está festejando, o judeu também está em um feriado”, conta Ruben Sternschein, rabino da CIP (Congregação Israelita Paulista).

“Não há Natal no budismo. Mas na minha família todo mundo é cristão. Só eu me tornei budista. A imensa maioria dos budistas no Brasil não nasceu budista, experimentou Natal fora. Então, para mim, é muito tranquilo. Eu comemoro o Natal normalmente, do ponto de vista de reunir a família, desejar feliz Natal quando dá 00h, todo mundo junto no dia 25. Para mim é normal”, completa Denilson Lacerda, tutor no CEBB (Centro de Estudos Budistas Bodisatva) de Campinas (SP).

*Uol

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