Psicóloga alerta para sinais de risco e reforça importância da prevenção ao suicídio no Setembro Amarelo
Mudanças de comportamento e isolamento podem indicar sofrimento mental intenso
O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é lembrado nesta quarta-feira (10) como parte muito importante das campanhas do Setembro Amarelo, buscando promover a informação e conscientização sobre saúde e sofrimento mental. A data é organizada pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e conta com apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Brasil, o suicídio é definido hoje pelas autoridades sanitárias como um problema de saúde pública, responsável por cerca de 14 mil mortes todos os anos. Segundo dados da OMS, essa estatística aumentou de forma significativa entre 2010 e 2019, quando os casos de suicídio cresceram 43% no âmbito nacional, principalmente entre adolescentes, cujo aumento na mortalidade foi de 81%.
Em entrevista, a psicóloga Julinda Cardoso destacou a necessidade de ampliar os cuidados com a saúde mental e a valorização da vida. Segundo ela, os sinais de sofrimento emocional intenso muitas vezes são perceptíveis e devem servir de alerta para familiares, amigos e colegas de trabalho.
“Mudanças de comportamento, isolamento social, perda de interesse em atividades antes prazerosas, alterações bruscas de humor, além de falas sobre morte, desesperança ou sentimentos de culpa e vergonha podem ser indicativos de que alguém está em sofrimento mental intenso.”, reforçou.
Além de reconhecer sinais, Julinda recomenda adotar práticas diárias de cuidado com a saúde mental, como manter rotinas equilibradas, praticar atividades físicas, investir em relacionamentos de apoio e buscar técnicas de relaxamento, como meditação e respiração.
Um dos pontos de preocupação da psicóloga é a vulnerabilidade de crianças e adolescentes diante de ambientes hostis:
“Um ponto muito importante que precisamos nos atentar é para os nossos jovens e crianças. Dentro do contexto familiar, ambientes muito conflituosos, negligência, abandono, bullying na escola, assédio e discriminação podem levar a quadros de depressão, ansiedade e até burnout, que também são fatores de risco para a ideação suicida.”
Para quem enfrenta sofrimento psicológico intenso, o apoio profissional é essencial. O Centro de Valorização da Vida (CVV) funciona 24 horas por dia, oferecendo escuta gratuita e sigilosa pelo número 188.
“Precisamos quebrar estigmas e entender que qualquer pessoa pode estar vulnerável a quadros de depressão, ansiedade ou burnout. Cuidar da saúde mental é uma responsabilidade coletiva”, concluiu a Julinda.
*JP Miranda/ De Olho na Cidade