Saúde

Psicanalista explica como traumas de infância impactam a vida adulta e como ressignificá-los

Questões emocionais não tratadas podem levar a problemas como ansiedade, dificuldades nos relacionamentos e desafios na vida financeira.

06/04/2025 19h10
Psicanalista explica como traumas de infância impactam a vida adulta e como ressignificá-los

Os traumas vividos na infância podem ter consequências profundas na vida adulta, afetando relacionamentos, vida profissional e saúde mental. Para discutir esse tema, o programa Jornal do Meio Dia, da Rádio Princesa FM, recebeu a psicanalista, mentora e palestrante Deise Maciel, que compartilhou sua experiência e orientações sobre como identificar e ressignificar essas marcas do passado.

“Infelizmente, os traumas de infância acometem a maioria das pessoas e suas consequências podem se refletir na vida adulta de diversas formas. Muitos se perguntam: por que sou tão ansioso? Por que repito certos padrões? A resposta, muitas vezes, está em olhar para a história de vida e entender as emoções que ficaram mal resolvidas”, afirmou Deise.

De acordo com a especialista, questões emocionais não tratadas podem levar a problemas como ansiedade, dificuldades nos relacionamentos e desafios na vida financeira.

“Se eu não sou bem resolvido, acabo refletindo isso no casamento, na criação dos filhos, no trabalho. Muitas vezes, carregamos lixos emocionais sem perceber”, explicou.

Para ilustrar essa relação, Deise mencionou um dado alarmante: “Uma pesquisa recente mostrou que 75% das pessoas estão presas ao passado, 20% vivem preocupadas com o futuro e apenas 5% conseguem estar plenamente no presente”.

Para quem deseja superar traumas e encontrar o equilíbrio emocional, a psicanalista sugere três passos fundamentais:

  1. Entender a própria história: “Cada um tem seu processo, suas dores e desafios. O primeiro passo é reconhecer a trajetória e as marcas que ela deixou”.
  2. Perdoar: “Ao olhar para o passado, precisamos entender que o perdão é essencial, seja perdoando outras pessoas ou a nós mesmos”.
  3. Assumir a responsabilidade pelo presente: “Ninguém pode mudar o que viveu, mas é possível decidir o que fazer com essa experiência. A chave é transformar a dor em aprendizado”.

Durante a entrevista, foi levantada a questão sobre se a sociedade atual gera mais traumas do que no passado. Deise destacou que, apesar dos avanços tecnológicos e psicológicos, há um excesso de informação e uma cultura do imediatismo que contribuem para o aumento dos transtornos emocionais.

“Hoje, com um clique, temos um excesso de informação que impacta neurologicamente as pessoas, tornando-as mais ansiosas. Antes, há algumas décadas, existia mais tempo de qualidade em família, mesmo com uma rotina dura. Agora, a prioridade é o fazer, o ter, e não o ser”, refletiu.

Deise explicou que alguns sintomas são comuns em pessoas que carregam traumas da infância: baixa autoestima, dificuldades nos relacionamentos, comportamentos repetitivos destrutivos e ansiedade excessiva.

“Uma das frases que gosto de destacar é: ‘Não julgue o adulto que sou sem conhecer a criança que fui’. Muitas vezes, por trás de adultos difíceis de lidar, existem crianças feridas”, disse a especialista.

O desafio, segundo Deise, é encarar essas dores de frente e buscar a ressignificação. “Não se trata de esquecer o passado, mas de colocá-lo no lugar certo, para que possamos construir um presente e um futuro mais saudáveis”.

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