Professor Josué Mello defende federalização da educação básica e alerta para desafios do IDEB em Feira de Santana
Professor aponta desigualdades no ensino e ressalta avanços no Nordeste como exemplo para o Brasil
O cenário da educação em Feira de Santana e no Brasil ainda enfrenta muitos desafios, como apontado pelo professor Josué Mello, diretor-presidente do INED e figura importante na história da cidade. Em entrevista para a série especial Feira de Santana e sua história: Projeto rumo aos 200 anos, o professor expressou sua decepção com os resultados educacionais mais recentes.
“Mais uma vez ficamos decepcionados porque não houve uma melhora considerável na qualidade da educação em nosso país, nem na Bahia e nem em Feira de Santana”, disse ao comentar sobre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 2023. Segundo ele, os resultados colocam o Brasil entre os piores países em termos de qualidade na educação básica. No entanto, ele destaca dois pontos positivos que trazem esperança.
“A primeira é que o Brasil teve, em 2023, pelo censo do IDEB, 21 escolas de ensino fundamental, do primeiro ao quinto ano, com nota máxima, e todas elas estão no nordeste brasileiro”, ressaltou. Dessas 21 escolas, 15 estão localizadas no Ceará, cinco em Alagoas e uma em Pernambuco. “Isso mostra que o nosso Nordeste não é tão aquém de outras regiões do país quando se fala em cultura e educação”, acrescentou o professor.
Outro destaque positivo mencionado pelo professor Josué foi o fato de que a melhor escola da Bahia, segundo o IDEB, não está em uma grande capital, mas sim no município de Rodelas, no semiárido do São Francisco.
“A melhor escola da Bahia está situada no município de Rodelas, com apenas 12 mil habitantes. Essa escola obteve a média de 6,3 no ensino fundamental e 5,3 no ensino médio”, afirmou.
A importância do foco e do investimento na educação
Pensando no futuro de Feira de Santana e no marco de seus 200 anos, a serem celebrados em 2033, Josué Mello acredita que é fundamental investir mais na educação. Ele citou o educador Cristovam Buarque, defensor da federalização da educação básica como uma forma de diminuir as desigualdades entre os municípios.
“O problema é que a educação básica está ligada aos municípios, e por isso é tão desigual. O município que dá mais ênfase consegue notas melhores, e os que não dão ficam com resultados aquém do esperado”, explicou. Segundo ele, a federalização poderia melhorar a qualidade do ensino básico, assim como as universidades federais já são reconhecidas como as melhores instituições de ensino superior do país.
O professor também destacou a necessidade de conscientizar a população sobre a importância da educação.
“Não podemos culpar apenas o governo e os professores. Os alunos também têm pouca fome de saber. O que justifica uma cidadezinha como Rodelas ter a melhor escola do país? Lá, as crianças leem muito, têm sede de saber, e os pais colocaram na cabeça dos filhos que só vencerão se estudarem. Precisamos, de forma geral, conscientizar nossas crianças e jovens de que só a educação liberta e transforma.”
O desafio no ensino superior
Embora o Brasil tenha avançado em alguns aspectos educacionais, o professor Josué Mello enfatizou que ainda há muito a ser feito, especialmente no ensino superior.
“Só temos uma universidade entre as cem melhores do mundo, o que é uma vergonha para um país com mais de 212 milhões de habitantes”, afirmou. Ele reforçou a importância de mais investimentos em universidades que gerem conhecimento, pesquisa e desenvolvimento para o país.
Com Feira de Santana próximo a completar 200 anos, a mensagem de Josué Mello é clara: é preciso foco, investimento e conscientização para transformar a realidade educacional da cidade e do país.
“Só a educação nos dá condição de galgar uma posição melhor na sociedade”, concluiu o professor, deixando uma reflexão importante para os próximos passos da educação em Feira de Santana.
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