Procissão do Fogaréu emociona e renova a fé dos fiéis em Feira de Santana
Em Feira de Santana, a procissão se consolida como um dos principais atos da Semana Santa, envolvendo espiritualidade, história e identidade cultural.
Na noite de quinta-feira (17), a tradicional Procissão do Fogaréu percorreu as ruas do centro de Feira de Santana, reunindo fiéis em uma das mais expressivas manifestações da fé cristã durante a Semana Santa. Com tochas acesas e passos firmes, os participantes rememoraram simbolicamente o momento bíblico da prisão de Jesus Cristo.
A caminhada teve início na Capela Nossa Senhora da Piedade, localizada no estacionamento da Santa Casa de Misericórdia. O cortejo passou por igrejas históricas da cidade, como a Igreja Senhor dos Passos e a Igreja dos Remédios, encerrando na Catedral Metropolitana de Santana.
O arcebispo metropolitano, Dom Zanoni Demettino Castro, destacou o simbolismo profundo do ritual e sua ligação com os ensinamentos de Cristo.
“Estamos nesta semana intensa, seguindo os passos de Jesus, celebrando o centro da nossa fé. A tradição da provação do Fogaréu faz memória da prisão de Jesus. As tochas remetem aos soldados, mas também lembram que Jesus é a luz do mundo. Há essa ambiguidade: luz e trevas, céu e terra, recusa e seguimento. É um momento de refletir sobre a injustiça sofrida por Jesus, mas também sobre a luta diária do povo em sua caminhada de fé”, afirmou o arcebispo.
Dom Zanoni ainda refletiu sobre o significado da cruz para os católicos.
“Seguimos Jesus, não seguimos Barrabás. Seguimos o mestre, não os escribas e fariseus. O programa de Jesus é vida plena para todos. Ele veio anunciar boas notícias aos pobres e esse deve ser também o nosso programa de vida”.
Entre os participantes estava Dimas Santana, fiel devoto que há anos acompanha a procissão ao lado da família. Ele falou sobre o sentimento que envolve o ato.
“É uma gratidão. Uma caminhada de fé e esperança. Deus nos deu seu filho para nos salvar e morrer na cruz por nossos pecados. Participar disso é renovar essa gratidão por nossas vidas, famílias e pela cidade”, disse.
Seu Dimas também destacou o caráter familiar da tradição: “É de pai pra filho. Hoje venho com os netos. Eles ficaram na Paróquia do Senhor do Bonfim, mas já estão chegando. É uma promessa, uma tradição que passa pelas gerações”.
Presente no evento, o deputado federal Zé Neto (PT) também compartilhou sua ligação com a Procissão do Fogaréu, que acompanha desde a juventude.
“Desde os 16 anos não perco uma. Teve um ano em que eu estava em São Paulo, em um congresso. Na Quinta-feira Santa, me deu uma agonia. Peguei um avião, vim para Feira, participei da procissão e voltei no mesmo dia. Isso mostra o que essa celebração significa para mim”, relatou.
O parlamentar ainda reforçou a importância do momento para a fé e a convivência.
“É um momento de renovar a fé, de reflexão e também de encontro com a comunidade. É uma cultura da cidade, da nossa identidade. Que possamos seguir com mais amor, cuidando do outro e valorizando a dádiva que é a vida”.
A Procissão do Fogaréu, que remonta à Idade Média, é realizada em diversos estados brasileiros e mantém viva a memória da paixão de Cristo.
*Com informações do repórter Robson Nascimento