Saúde

Prevenir é o melhor remédio: 8 em cada 10 casos de AVC poderiam ser evitados, alerta cardiologista

Dr. Germano Lefundes explica a ligação entre doenças cardíacas e o AVC

01/11/2025 22h15
Prevenir é o melhor remédio: 8 em cada 10 casos de AVC poderiam ser evitados, alerta cardiologista

Durante o quadro Momento IDM Cardio, o cardiologista Dr. Germano Lefundes abordou um tema de grande relevância: a relação entre o coração e o acidente vascular cerebral (AVC), uma das principais causas de morte no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, de janeiro a outubro deste ano, 64.471 pessoas morreram em decorrência do AVC, o que equivale a uma vida perdida a cada seis minutos.

O médico lembrou que, no último dia 29 de outubro, foi celebrado o Dia Mundial do AVC, data voltada à conscientização sobre prevenção e tratamento rápido. “É uma data importante para concentrar esforços sobre a necessidade de prevenção e de ação rápida diante de sintomas que sugerem um AVC”, destacou.

De acordo com o cardiologista, o AVC integra o grupo das doenças cardiovasculares, pois compartilha a mesma origem de problemas como hipertensão, diabetes, colesterol alto e arritmias.

“O AVC está relacionado à obstrução ou à ruptura de uma artéria cerebral. Essas condições estão intimamente ligadas a doenças como hipertensão, diabetes, colesterol alto e uma arritmia específica chamada fibrilação atrial”, explicou.

Dr. Germano ressaltou que, além das mortes, o AVC deixa um rastro de sequelas incapacitantes. “Há um dado escondido nas estatísticas: o número de pessoas que sobrevivem, mas têm suas vidas comprometidas por sequelas graves. Isso afeta não só o paciente, mas toda a família”, alertou.

O especialista destacou que oito em cada dez casos de AVC poderiam ser evitados com medidas simples, como o controle da pressão arterial, a prática regular de exercícios físicos, a adoção de uma alimentação equilibrada e o abandono do cigarro.

“Precisamos focar em prevenção. O AVC é uma construção que começa com doenças mal controladas e hábitos ruins. Adotar um estilo de vida saudável é o melhor caminho. E, quando já existe alguma doença, é essencial manter o tratamento e verificar se os parâmetros estão dentro das metas”, afirmou.

Dr. Germano também chamou atenção para o fato de que a hipertensão arterial é o fator de risco mais relevante, mas não o único.

“Ela é extremamente prevalente e afeta também os jovens. Temos observado casos cada vez mais precoces, o que está relacionado à piora do estilo de vida e à falta de adesão ao tratamento”, disse.

O médico reforçou a importância do atendimento imediato diante dos primeiros sinais de AVC.

“Quanto mais cedo o paciente chega à emergência, maiores são as chances de recuperação total”, enfatizou, destacando que Feira de Santana conta com o centro de referência em tratamento de AVC no Hospital Clériston Andrade.

Ele explicou uma forma simples de identificar o problema:

“Há um mnemônico chamado SAMU: S de sorrir — se a boca ficar torta, pode ser AVC; A de abraçar — se a pessoa não consegue levantar os braços; M de música — se ela não fala direito ou não consegue cantar uma canção simples, chame o SAMU imediatamente”, orientou.

Um dado preocupante citado durante o programa é o aumento de 66% nos casos de AVC entre brasileiros com menos de 45 anos na última década.

“Antes era uma doença associada à velhice, mas vem afetando cada vez mais adultos jovens. E isso é alarmante, pois traz consequências graves e impacto econômico enorme para o país”, disse o médico.

Ele associou esse aumento a fatores como piora do estilo de vida, uso de anabolizantes sem orientação médica e crescimento no número de fumantes, inclusive de cigarros eletrônicos.

“Os anabolizantes e o cigarro, tradicional ou eletrônico, aumentam o risco de trombose e de doenças cerebrovasculares. É fundamental evitar o uso dessas substâncias”, alertou.

Para aqueles que já sofreram um AVC e ficaram com sequelas, o médico reforçou a importância da reabilitação.

“A fisioterapia, a terapia ocupacional e a fonoaudiologia são fundamentais na recuperação. Ainda assim, prevenir é sempre o melhor remédio”, enfatizou.

Ao encerrar a entrevista, Dr. Germano Lefundes deixou uma mensagem de incentivo:

“Nós não temos controle absoluto sobre tudo, mas podemos intervir em muitas questões que afetam nossa saúde. Inicie uma mudança, pratique uma atividade física, melhore sua alimentação. Cuidar do coração e do corpo é cuidar da vida.”

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