Prevenção ao AVC começa no coração, alerta cardiologista
Segundo o Dr. Cláudio Rocha, 30% dos AVCs têm origem no coração
O quadro Momento IDM Cardio, exibido toda sexta-feira no Jornal do Meio Dia da Rádio Princesa FM e no programa De Olho na Cidade da Rádio Sociedade News, trouxe um tema fundamental para a saúde da população: a importância de o paciente que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) procurar acompanhamento com um cardiologista. A conversa contou com a participação do cardiologista Dr. Cláudio Rocha.
“O cardiologista sempre é lembrado quando se fala em infarto, mas o AVC, que também é uma doença vascular, precisa da mesma atenção”, explicou o médico. “É uma doença extremamente limitante. A pessoa que sofreu um infarto pode até não ter sinais aparentes, mas quem teve AVC normalmente carrega sequelas físicas visíveis e funcionais”, alertou.
Segundo dados de 2024, entre janeiro e agosto, cerca de 39 mil pessoas morreram por AVC no Brasil, o que representa uma média de seis óbitos por hora. “O AVC e o infarto competem entre si como as doenças que mais matam”, destacou Dr. Cláudio.
Ele também explicou a relação entre o AVC e o coração: “Cerca de 30% dos AVCs têm origem cardíaca. Há, por exemplo, o AVC cardioembólico, quando uma arritmia ou outro problema cardíaco faz com que coágulos se formem no coração e acabem indo para o cérebro, obstruindo uma artéria.”
Fatores de risco e como identificar um AVC
Entre os sintomas mais comuns de AVC estão a perda de força em um dos lados do corpo, alterações visuais, dificuldade na fala e dores intensas. Mas, segundo Dr. Cláudio, a prevenção é o principal caminho: “Pressão alta, colesterol elevado, diabetes, sobrepeso e tabagismo são os grandes vilões. São fatores modificáveis e que devem ser monitorados constantemente.”
Em relação às sequelas, ele explica que tudo depende do tipo de AVC e da região afetada no cérebro: “Um AVC no lado esquerdo, por exemplo, pode afetar a fala. Já se atingir o tronco cerebral, o risco de morte é muito maior. É por isso que a prevenção é tão importante.”
A faixa etária com maior incidência de AVC, segundo o especialista, é a partir dos 40 anos, mesma idade em que aumentam os casos de diabetes e hipertensão. No entanto, ele alerta que jovens também podem ser vítimas, especialmente aqueles com doenças cardíacas congênitas ou que apresentam arritmias.
“Mulheres que fazem uso de anticoncepcionais ou de terapia de reposição hormonal devem conversar com seus médicos. Apesar de raro, pode haver um risco cardiovascular aumentado dependendo do caso”, completou.
O histórico familiar também deve ser levado em consideração. “Dois fatores de risco não podemos mudar: idade e genética. Se um parente de primeiro grau, como pai ou mãe, teve um AVC antes dos 65 anos (para mulheres) ou 55 (para homens), esse risco precisa ser computado na avaliação médica”, explicou.
A partir dessa análise, o médico pode calcular o risco de um AVC nos próximos 10 anos, utilizando escalas clínicas conhecidas como scores de risco cardiovascular.
E quem já teve AVC? Existe cura?
“Nosso sistema nervoso não se regenera da mesma forma que outros órgãos, mas existe a chamada plasticidade cerebral. Com fisioterapia e reabilitação, é possível melhorar muito a qualidade de vida de quem teve AVC, embora nem sempre se atinja 100% da recuperação”, esclareceu o cardiologista.
Encerrando a participação, Dr. Cláudio Rocha deixou um recado direto: “As doenças cardiovasculares são preveníveis. O cardiologista tem um papel fundamental tanto na prevenção primária quanto na secundária. O importante é identificar os fatores de risco e agir o quanto antes.”
Ele reforçou ainda a importância de abandonar o sedentarismo, evitar o cigarro e manter uma alimentação saudável: “O cigarro, por exemplo, é um grande causador de infarto, AVC e até morte súbita em jovens.”