A visita do presidente da Câmara de Vereadores de Feira de Santana, Marcos Lima (UB), a um campo de futebol ao lado da Escola Diva Matos Portela, no bairro Jardim Cruzeiro, desencadeou uma discussão. O vereador afirma que foi hostilizado durante a fiscalização do espaço esportivo e relatou ter sido alvo de ameaças. Do outro lado, o responsável por um projeto social que utiliza o local afirma que há uma tentativa de retirá-lo da administração do campo, onde atua há 15 anos.

O episódio foi tema de debate na sessão da Câmara Municipal desta terça-feira (11), onde Marcos Lima prestou esclarecimentos sobre a situação. Ele afirmou que sua visita foi motivada por um convite de uma escolinha de futebol que buscava um horário para treinar crianças no espaço recém-reformado. No entanto, ao chegar ao local, ele afirma que foi recebido de forma agressiva por Josean Angelo de Jesus, conhecido como Rincon, responsável pelo projeto esportivo Acorda Pra Vencer.

O vereador relatou que foi surpreendido pela recepção e afirmou que ele se comportou como se fosse o proprietário do campo.

“Infelizmente, essa pessoa já tinha tramado esse vídeo para me atacar. Me tratou de forma agressiva, me ameaçando, dizendo que estava disposto a tudo. Ele afirmou que tem 15 anos no local e que quem manda ali é ele, como se fosse o dono do espaço público. Mas ele não é funcionário da Prefeitura nem administrador oficial do campo. A chave do portão está com ele, e a Prefeitura, se precisar do espaço, terá que pedir autorização a ele.”

O presidente da Câmara também questionou a presença de um trailer dentro do campo e disse que pretende acionar sua equipe jurídica para tomar providências.

“Se ele fez isso comigo, ameaçou, gravou um vídeo escondido e divulgou nas redes sociais, imagina com outras pessoas. Isso precisa ser revisto pela Prefeitura, pois é um espaço público e deve ser acessível a todos.”

Por outro lado, Josean Angelo, conhecido como Rincon, afirma que há uma tentativa de afastá-lo da administração do campo, onde atua há anos, oferecendo aulas de futebol gratuitas para crianças carentes.

“Estou lá há 15 anos. Quando ninguém queria, eu limpava o campo, cortava o mato, arrumava as traves, e agora que foi reformado, apareceu muita gente querendo usar. Eu cheguei no campo, e para minha surpresa, tinha uma viatura da Guarda Municipal. Meus alunos ficaram assustados, perguntando se eu ia ser preso. Isso foi uma humilhação. Eu não sou bandido.”

Segundo Josean, a Prefeitura já o reconhece como administrador do espaço.

“O prefeito me nomeou como responsável pelo campo e me orientou sobre como liberar o espaço para outros projetos. Mas nunca houve parceria formal com a Prefeitura, sempre fiz tudo por conta própria. Nenhum vereador nunca me ajudou, nunca trouxeram uma bola sequer para as crianças.”

Ele ainda alegou que não impediu que outro projeto utilizasse o campo, mas que precisava de uma comunicação formal para organizar o uso do espaço.

“Não sou contra outros projetos, pelo contrário, quanto mais crianças forem ajudadas, melhor. Mas precisam me avisar, tem que ter uma organização. O vereador chegou lá tentando me intimidar. Eu explodi porque já estava de saco cheio dessa situação.”

O papel da Prefeitura e a posição do superintendente de Esportes

O superintendente de Esportes, Emerson Brito, esclareceu que o campo faz parte de um complexo esportivo anexado à Escola Diva Matos Portela e que sua gestão cabe à Secretaria Municipal de Educação.

“O espaço foi requalificado com grama sintética, vestiários, iluminação e uma piscina olímpica. Tudo isso foi feito com verbas da Educação, então a prioridade é dos alunos da escola. Mas estamos trabalhando para garantir que a comunidade também possa utilizar o local de forma organizada.”

Sobre o conflito, ele reforçou a importância de um diálogo para resolver a situação.

“Vejo o esforço do professor Rincon em manter as crianças ativas e longe da criminalidade e também vejo a intenção do vereador Marcos Lima em buscar melhorias para a comunidade. Lamento o ocorrido, mas acredito que tudo será resolvido para o bem de todos.”

*Com informações da repórter Isabel Bomfim