Preço dos alimentos sobe pelo quinto mês seguido; café, cenoura e tomate são os mais caros
Preço dos alimentos sobe pelo quinto mês seguido; café, cenoura e tomate são os mais caros
Se você sentiu o peso no bolso ao fazer as compras do mês, não está sozinho. O preço dos alimentos segue em alta, e produtos básicos como arroz, feijão, café e carnes ficaram mais caros nos últimos meses.
De acordo com dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (11), o grupo Alimentos e Bebidas do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,96% em janeiro, sendo o quinto mês consecutivo de aumento. Entre os produtos que mais subiram estão a cenoura (36,14%) e o tomate (20,27%). O café moído, que já havia registrado alta no ano passado, teve um acréscimo de 8,56% no mês.
Para o economista Rosevaldo Ferreira, a oscilação dos preços está ligada a fatores cíclicos da produção e a condições climáticas.
“Os alimentos sofrem pressões cíclicas. Há momentos de grande oferta e, em seguida, períodos de escassez. O tomate, por exemplo, tem um ciclo curto de produção. Se há um grande volume de plantio, o preço despenca. Quando isso acontece, os produtores evitam plantar na safra seguinte, o que gera uma escassez e faz o valor subir novamente”, explica.
Outro exemplo citado pelo especialista é o da carne bovina, cujo ciclo de produção também interfere no preço final.
“O ciclo da pecuária era de até oito anos para a engorda do boi. Hoje, esse período caiu para três anos e meio, o que altera a oferta no mercado. Além disso, se ocorre uma seca forte, os produtores precisam abater vacas antes do tempo. Isso reduz o número de bezerros nascidos, e, consequentemente, a oferta de carne diminui, fazendo o preço subir”, detalha.
Entre os grupos de alimentos que registraram as maiores altas, os tubérculos, raízes e legumes lideraram o aumento com 8,19%, seguidos por pescados (1,71%), aves e ovos (1,69%) e açúcares e derivados (1,33%). Já as carnes tiveram uma elevação menor, de 0,36%.
Por outro lado, alguns itens apresentaram redução de preços, como cereais, leguminosas e oleaginosas (-0,86%), óleos e gorduras (-0,41%) e leites e derivados (-0,30%).
“A gente tem a tendência de reclamar apenas do que subiu, mas se observarmos bem, alguns alimentos não sofreram aumento. O feijão, que há alguns anos era considerado o vilão dos preços, hoje está em um valor mais acessível, mas ninguém reclama do feijão barato”, pontua o economista.
A influência do clima também é um fator determinante para a inflação dos alimentos.
“Períodos de seca ou chuvas intensas podem afetar diretamente a produção agrícola e, consequentemente, a oferta dos produtos no mercado. Esse tipo de impacto ambiental é uma variável que precisa ser considerada ao analisarmos a alta dos preços”, ressalta o economista.
*Com informações do repórter Matheus Gabriel