Feira de Santana

‘Precisamos de ações, não só discursos’, diz militante do movimento negro sobre desafios das mulheres negras

Lourdes Santana apontou a necessidade de políticas públicas mais eficazes para atender às mulheres, especialmente as negras.

08/03/2025 16h02
‘Precisamos de ações, não só discursos’, diz  militante do movimento negro sobre desafios das mulheres negras
Foto: Ednalva Valença

No Dia Internacional da Mulher, Lourdes Santana, militante do movimento negro e presidente do Movimento Negro em Feira de Santana, faz um alerta sobre os desafios enfrentados pelas mulheres negras no Brasil e na cidade. Ela ressaltou que, apesar das conquistas, a realidade ainda é de muita desigualdade e preconceito.

“Falar de mulher preta ou negra no nosso país ainda é muito sofrido. O racismo continua, principalmente com a mulher preta. Feira de Santana, que tem uma maioria de mulheres negras, é uma cidade racista. A forma como somos olhadas já demonstra isso”, afirmou Lourdes.

Ela destaca que, apesar da presença de mulheres negras em diferentes espaços sociais e educacionais, elas ainda enfrentam dificuldades para ocupar cargos de liderança e reconhecimento profissional.

“Se olharmos para os cargos de primeiro, segundo e terceiro escalão em Feira de Santana, quantas mulheres pretas encontramos? Não é por falta de competência, mas porque acham que não vamos dar retorno”, criticou.

Falta de políticas efetivas para mulheres negras

Lourdes também apontou a necessidade de políticas públicas mais eficazes para atender às mulheres, especialmente as negras. Segundo ela, a realidade ainda é de violência, desemprego e falta de suporte.

“Muitas mulheres ainda são assassinadas e os casos ficam sem solução. Quando uma mulher negra busca ajuda em uma delegacia, muitas vezes não recebe a atenção necessária e acaba voltando para casa, onde pode ser espancada ou até morta. Não temos uma política de acolhimento real. O que essas mulheres precisam não é apenas de palestras, mas de emprego, de moradia e de segurança de verdade”, enfatizou.

Para Lourdes, cursos profissionalizantes oferecidos sem suporte financeiro para aquisição de materiais não são a solução.

“Não adianta ensinar uma mulher a ser manicure se ela não tem dinheiro para comprar os produtos. Precisamos de empregos formais, com carteira assinada, que garantam dignidade e independência para essas mulheres”, completou.

Lourdes reforça que o movimento negro tem buscado fortalecer a presença das mulheres negras em diversos espaços, mas que ainda há um longo caminho a percorrer.

“Já fizemos trabalhos importantes, como o concurso Beleza Negra, que ajudou muitas jovens a ingressar na universidade e a construir uma carreira. Precisamos continuar criando oportunidades e lutando por igualdade”, disse.

Ao deixar sua mensagem para o Dia Internacional da Mulher, Lourdes Santana destacou a importância do estudo e da união na luta contra o racismo e a desigualdade.

“Minha mensagem para as mulheres negras é: estudem. O estudo é a nossa maior arma para enfrentar o preconceito e conquistar o nosso espaço. Não podemos aceitar que nos digam onde podemos ou não estar. O lugar da mulher negra é onde ela quiser!”

*Com informações de Ednalva Valença

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