Por que os homens evitam consultas médicas? Cardiologista reforça a necessidade do autocuidado masculino
Médico alerta para a baixa procura por prevenção entre homens
Os homens ainda resistem a buscar atendimento médico preventivo, diferentemente das mulheres, o que pode levar a diagnósticos tardios e complicações graves de saúde. O cardiologista Dr. Israel Reis, em entrevista ao Momento IDM Cardio, destacou as razões dessa diferença de comportamento e os desafios que ela apresenta para a medicina preventiva, aproveitando o movimento do Novembro Azul para discutir a questão.
Segundo Dr. Israel, os dados mostram que, em geral, os homens só procuram o médico quando já enfrentam problemas graves de saúde.
“É muito provável que, ao chegar na recepção da nossa clínica, você veja 80% de mulheres e, quando há homens, geralmente estão acompanhados por esposas, mães ou filhas que tomaram a iniciativa de marcar a consulta”, relatou.
Essa resistência masculina tem raízes culturais e sociais. “O homem foi criado com o estigma de ser forte, de não demonstrar vulnerabilidade. Muitas vezes, ele acredita que uma dor, mesmo que seja um sintoma sério, é algo que vai passar. Isso faz parte de um modelo de comportamento que, infelizmente, contribui para a falta de autocuidado”, analisou o cardiologista.
Os números confirmam o impacto dessa resistência: enquanto a expectativa de vida média das mulheres brasileiras é de 79 anos, a dos homens é de 72.
“Um dos fatores que explica essa diferença é o fato de as mulheres buscarem mais o médico. Desde cedo, elas desenvolvem um vínculo com o sistema de saúde por meio de consultas ginecológicas, que continuam ao longo da vida adulta. Já os homens perdem a referência médica ao deixarem de frequentar o pediatra”, pontuou Dr. Israel.
A ausência de especialidades médicas voltadas aos adolescentes, como a hebiatria, também contribui para essa lacuna.
“Quando um menino deixa o pediatra, geralmente não há uma transição para outro profissional, diferentemente das meninas, que passam a ser acompanhadas por ginecologistas. Isso faz com que os homens só procurem atendimento quando já têm doenças avançadas, como hipertensão, diabetes ou até mesmo após um infarto”, alertou o especialista.
Dr. Israel também destacou a importância de ajustar os serviços de saúde para atrair mais pacientes homens.
“Homem não tem paciência para esperar na recepção. Se ele já acredita que não tem nada, qualquer entrave pode ser motivo para desistir da consulta. Facilitar o acesso e, por exemplo, ligar para lembrá-lo do check-up pode ajudar a mudar esse cenário”, sugeriu.
A campanha do Novembro Azul, historicamente focada no câncer de próstata, vem ganhando amplitude, abordando outras questões de saúde masculina, como doenças cardiovasculares e metabólicas. O médico reforçou a importância de campanhas educativas e a conscientização desde a infância.
“Se os pais não ensinam o menino sobre a importância de ir ao médico, ele cresce acreditando que não precisa. Isso perpetua o ciclo de descuido com a saúde”, afirmou.
Para os homens que ainda resistem a exames preventivos, o cardiologista deixou um apelo: “A prevenção é sempre mais eficaz do que o tratamento. Muitas doenças, como hipertensão e diabetes, podem ser diagnosticadas precocemente com exames simples. Não espere o primeiro infarto ou AVC para procurar ajuda. Cuide da sua saúde agora, porque isso é cuidar do seu futuro e da sua família.”