Planejamento do paisagismo urbano pode transformar a qualidade de vida em Feira de Santana, destaca arquiteto
Tiago Nunes destacou que o paisagismo vai muito além da estética.
O arquiteto e urbanista Tiago Nunes, especialista em paisagismo, conforto ambiental e arquitetura comercial e residencial, defendeu a importância do planejamento do paisagismo urbano como ferramenta essencial para a melhoria da qualidade de vida nas cidades, especialmente em Feira de Santana.
Em entrevista ao quadro Home News do Jornal do Meio Dia da Princesa FM, Tiago destacou que o paisagismo vai muito além da estética. Para ele, trata-se de uma estratégia para reduzir problemas ambientais e tornar os espaços urbanos mais acolhedores.
“O paisagismo urbano pode melhorar a qualidade de vida criando espaços mais agradáveis e sustentáveis, reduzindo o estresse do dia a dia e ajudando a mitigar problemas como as ilhas de calor”, explicou.
Segundo o arquiteto, o crescimento desordenado das cidades provoca efeitos como impermeabilização do solo e elevação das temperaturas.
“Quando a cidade cresce sem planejamento, surgem áreas impermeáveis e a vegetação vai desaparecendo. Isso contribui para o aumento do calor e para um ambiente urbano menos confortável”, afirmou.
Questionado sobre os principais desafios na implantação de projetos de paisagismo urbano, Tiago apontou a limitação de espaço, a necessidade de manutenção e a integração com a infraestrutura existente.
“Não podemos impedir o crescimento da cidade, mas podemos garantir que ele seja planejado, equilibrando expansão urbana com áreas verdes”, ressaltou.
Uma das soluções destacadas é o plantio adequado de árvores em vias e avenidas.
“Está mais do que provado que as árvores urbanas, quando bem escolhidas e bem plantadas, não agridem calçadas nem residências. Elas trazem conforto térmico, melhoram o ar e reduzem significativamente a temperatura em dias quentes”, explicou.
O arquiteto também defendeu a padronização do paisagismo urbano, desde as calçadas até a arborização das avenidas, sem deixar de considerar as especificidades de cada região.
“O paisagismo não é apenas vegetação. Ele abrange a organização arquitetônica, ruas planejadas para carros, pedestres e ciclovias. É preciso ter diretrizes gerais, mas com flexibilidade para adaptar às características culturais e climáticas locais”, disse.
Tiago citou avenidas que poderiam ser melhoradas com arborização planejada, como a João Durval Carneiro.
“A Getúlio Vargas e a Fraga Maia mostram os benefícios de um paisagismo bem feito. Já em outras vias, como a João Durval, ainda há carência de vegetação. Canteiros centrais arborizados poderiam trazer mais conforto e qualidade de vida”, observou.
Além do impacto ambiental, o arquiteto destacou os ganhos econômicos.
“Já está comprovado que imóveis em áreas arborizadas podem valorizar de 20% a 30%. Além disso, o conforto térmico reduz o consumo de energia, já que diminui a necessidade de ar-condicionado”, explicou.
Para Tiago, a população deve ser envolvida nos projetos.
“Consultas públicas e workshops são fundamentais. Muitas vezes há preconceito com árvores, como se elas só sujassem a calçada. Mas o benefício é muito maior do que algumas folhas caídas”, afirmou.
Ele lembrou ainda da necessidade de resgatar a cultura da arborização nas residências.
“Antigamente quase todas as casas tinham uma árvore na frente. Hoje isso é cada vez mais raro. Precisamos retomar essa consciência, com planejamento e espécies adequadas”, reforçou.
O arquiteto fez um apelo para que o poder público valorize mais o paisagismo.
“Que Feira de Santana olhe com mais carinho para esse tema. O paisagismo é capaz de transformar o ambiente urbano, gerar bem-estar e valorizar nossa cidade”, concluiu.