Pix, tributação e desafios econômicos: economista avalia impactos e medidas governamentais
Em entrevista ao nosso programa, o economista e professor Amarildo Gomes destacou os impactos econômicos do Pix e a recente revogação da norma da Receita Federal que ampliaria o controle sobre movimentações financeiras. Segundo ele, o Brasil, pioneiro na implementação do Pix em larga escala, conseguiu criar uma ferramenta que é referência mundial. “Hoje, o […]
Em entrevista ao nosso programa, o economista e professor Amarildo Gomes destacou os impactos econômicos do Pix e a recente revogação da norma da Receita Federal que ampliaria o controle sobre movimentações financeiras. Segundo ele, o Brasil, pioneiro na implementação do Pix em larga escala, conseguiu criar uma ferramenta que é referência mundial. “Hoje, o vendedor de picolé aceita Pix. É um sistema rápido, gratuito e acessível que promove inclusão financeira”, destacou.
Apesar das vantagens do Pix, a tentativa de usá-lo como instrumento de fiscalização gerou polêmica. “O governo já monitora movimentações bancárias, mas a proposta de ampliar esse controle, principalmente sobre microempreendedores e autônomos, foi mal explicada. Isso gerou ruído e fake news, prejudicando o entendimento da população”, comentou.
O economista também comparou o sistema tributário brasileiro ao de outros países, enfatizando a desigualdade. “Enquanto no Brasil a tributação incide fortemente sobre o consumo, penalizando até quem ganha pouco, países como Estados Unidos e nações europeias priorizam a taxação sobre a renda. Aqui, o trabalhador que ganha R$ 1.500 sente o peso de uma carga tributária de até 36%.”
Reforma tributária e conscientização
Para Amarildo Gomes, a reforma tributária pode trazer avanços, como a mudança na cobrança de impostos do local de origem para o consumo, beneficiando estados consumidores. Porém, ele ressaltou que o foco deveria ser maior na simplificação do sistema e no combate às grandes fraudes. “O governo precisa começar pelos grandes esquemas de sonegação, em vez de mirar os pequenos empreendedores que ainda lutam para se estabelecer.”
Ele também defendeu campanhas de conscientização para que pequenos e médios empresários compreendam a importância de regularizar sua situação fiscal. “Muitos não declaram imposto de renda ou desconhecem a necessidade de um contador. É preciso educar e oferecer condições mais justas para que essas pessoas possam crescer de forma sustentável.”
Soluções práticas e políticas públicas
Amarildo criticou a falta de medidas práticas para aliviar a carga sobre os cidadãos. “O governo poderia, por exemplo, facilitar o parcelamento de dívidas como o IPVA, permitindo que trabalhadores regularizem sua situação sem juros abusivos. São ações simples que fariam uma grande diferença.”
Ao final, o economista reiterou que o governo tem instrumentos à disposição para melhorar o ambiente econômico e social. “Basta colocá-los em prática com foco no bem-estar da população e na redução das desigualdades.”