PF vai investigar ameaças a brasileiros repatriados de Gaza
Defesa de Hasan Rabee, um dos integrantes do grupo, relata que apenas ele já recebeu mais de 200 mensagens de detratores desde que chegou ao país
O Ministério da Justiça e Segurança Pública vai determinar à Polícia Federal que investigue as ameaças feitas aos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza e foram repatriados pelo Brasil no início desta semana.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a decisão foi tomada nesta quinta-feira (16) pela Secretaria Nacional de Justiça, que é comandada por Augusto de Arruda Botelho e coordena a operação de acolhimento do grupo. A pasta diz que “as denúncias estão sendo apuradas e serão encaminhadas para a investigação da Polícia Federal”.
De acordo com a Folha, a defesa de Hasan Rabee, um dos integrantes do grupo de repatriados, relata que apenas ele já recebeu mais de 200 mensagens de diferentes supostos detratores desde que chegou ao país.
Ataques de teor xenófobo e contendo ameaças de morte, calúnia e injúria racial foram alguns dos conteúdos identificados, segundo a advogada Talitha Camargo da Fonseca, que o representa.
Na manhã desta quinta, a defensora formalizou um pedido ao Ministério dos Direitos Humano e da Cidadania (MDHC) para que o brasileiro-palestino e sua família sejam incluídos no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH). Camargo também irá solicitar ao Ministério da Justiça a concessão de escolta policial para eles.
“Vagabundo safado, te dou um pau se eu te encontrar na rua”, diz uma das mensagens enviadas a Hassan e compartilhadas com o Ministério dos Direitos Humanos. “Terrorista filha da p, espero que você não venha para Florianópolis, seu m”, “volte pra lá [Faixa de Gaza] e aguente as consequências”, “não queremos terroristas no Brasil”, “vaza lixo terrorista”, afirmam outras.
Uma mulher iniciou um dos ataques encaminhando uma publicação feita pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) que acusava Hasan de compartilhar mensagens “pró-terrorismo”.
A menção fazia referência a um post datado de 2015, em que o brasileiro sugeriu que estaria “no momento certo de explodir ônibus em Israel”. A publicação foi apagada por ele após repercussão.
“Você deveria ter ficado na Palestina. Não queremos terroristas no Brasil. Deus proteja Israel”, escreveu a mulher, em mensagem privada enviada a Hasan.
Ao Jornal Nacional, da TV Globo, o brasileiro-palestino afirmou que não se lembra da publicação e que pode ter feito a postagem “com raiva”. “Não sou a favor de violência nenhuma, sou a favor de conversa, sempre. Pode ser que eu tenha postado com raiva, mas, em 2015, não me lembro de nada”, disse.
*Bahia.ba