Perfil do novo Papa não deve fugir do legado de Francisco, apontam jornalistas
Direto do Vaticano, jornalista italiano e Ronaldo Silva, da Canção Nova, comentam início do Conclave e expectativas sobre o novo Papa
O clima é de expectativa e oração na Praça de São Pedro, no Vaticano. Nesta quarta-feira (07) histórica, começa o Conclave que definirá o novo Papa. Jorge Biancchi conversou com o jornalista italiano Andrea Sarubbi e o comunicador Ronaldo Silva, da TV Canção Nova, sobre o momento decisivo para a Igreja Católica e refletiram sobre os possíveis rumos do pontificado que está por vir.
“O grande dia chegou”, disse Ronaldo Silva, com emoção, diante da imponente Basílica de São Pedro. “Hoje é o dia D pra todos nós. Já no período da tarde no Brasil teremos a primeira fumaça aqui na praça. Deve ser preta, como um termômetro inicial do Conclave, mas é sempre emocionante.”
Segundo Andrea Sarubbi, o novo Papa deve manter o espírito reformador de Francisco, mas pode trazer um novo tom ao estilo de liderança: “Eu acho que o próximo Papa não será muito diferente de Francisco nas ideias. Talvez mude no estilo. Francisco tem um jeito forte, carismático. O próximo pode ser mais manso, mais doce. Mas acredito que continuará sendo uma Igreja próxima do povo, dos pobres, e não uma Igreja de poder ou isolada do mundo.”
O jornalista italiano também destacou a relevância de uma escolha que reflita a universalidade da Igreja.
“Nunca tivemos um Papa da África ou da Ásia. A Igreja cresce muito nesses continentes. Na África, ela enfrenta desafios enormes e na Ásia, onde os cristãos são minoria, há muita perseguição religiosa. Um Papa dessas regiões teria um valor simbólico e estratégico.”
Dentre os nomes mais citados nos bastidores do Vaticano, Dom Pietro Parolin aparece como favorito por seu papel próximo ao Papa Francisco e sua longa trajetória na diplomacia vaticana. “Foi braço direito de Francisco. Uma liderança forte e preparada”, apontou Ronaldo Silva.
Sarubbi, no entanto, evitou fazer apostas: “Eu não posso dizer quem será. Mas acredito que, seja quem for, será um Papa normalizador. Alguém que talvez não traga revoluções de imediato, mas que poderá surpreender. Porque existe algo que nós chamamos em italiano de ‘grazia dello stato’ — a graça do estado —, que transforma aquele que é eleito.”
Esse conceito da “graça do estado” foi ressaltado por ambos os comentaristas como uma chave para entender o impacto da eleição papal. “A cadeira transforma”, disse Ronaldo Silva.
“Quando um cardeal é escolhido e assume o papado, algo muda. Foi assim com João Paulo II, foi assim com Francisco. Surpreenderam o mundo. A graça do estado faz com que eles superem aquilo que conhecíamos antes.”
Sarubbi complementou com uma reflexão: “Quando escolheram João XXIII, esperavam um Papa de transição. E ele iniciou o Concílio Vaticano II, mudando a história da Igreja. Essa graça não é só um conceito espiritual, ela se manifesta em decisões concretas e surpreendentes.”
A cobertura da Canção Nova no Vaticano
Durante a conversa, Andrea fez questão de elogiar o trabalho jornalístico da Canção Nova. “Parabéns à equipe. É um trabalho feito com amor pela Igreja.” Ronaldo Silva, lembrou que este é seu terceiro Conclave como correspondente da emissora: “Esperamos que não tenhamos outro tão cedo, mas fazemos sempre com zelo, fé e compromisso com a verdade.”
O dia promete ainda fortes emoções. Com a primeira fumaça prevista para hoje, a Praça de São Pedro se prepara para mais um capítulo na história da Igreja Católica. Enquanto o mundo observa com atenção, os cardeais reunidos em oração carregam sobre os ombros a responsabilidade de escolher o novo líder espiritual de mais de um bilhão de católicos.
“Independentemente de quem for escolhido, confiamos que será alguém conduzido pelo Espírito Santo. A Igreja é maior que qualquer expectativa humana”, concluiu Ronaldo.
*Com informações de Jorge Biancchi, direto de Roma